PROTESTOS – "ONDE ESTÃO
OS JOVENS"?
Lembro-me do meu professor de
Sociologia na Faculdade quando fez certa pergunta: Onde estão os jovens que não
são mais ativos politicamente como no passado? Segundo ele, com essa pergunta
em mente pôs-se a buscar resposta e encontrou. A conclusão daquele professor
foi: Os jovens estão na internet, nas redes sociais e nos joguinhos de
computador. Todavia, os jovens desses últimos dias tem mostrado um perfil
diferente nas grandes capitais desse país através dos protestos recentes.
É evidente que os jovens estão na
vanguarda desses movimentos como se vê nos noticiários. A maioria deles são
trabalhadores, jornalistas, trabalhadores comuns que deixam seus lares cedo. Mas
juntos com os veteranos têm sentido arrochados por uma dívida do Estado que se
arrasta há décadas. A má qualidade dos transportes públicos e os preços
exorbitantes de suas passagens.
Será que alguém parou para
contabilizar o desgaste que representa andar nesses transportes públicos?
Viajar bem cedo nesses transportes como se fossem latas de sardinha, mesmo a
entrada neles para não perder o horário representa uma luta pela sobrevivência.
Se caso pusessem muitos empresários e políticos nesses transportes precários,
muitos deles se desesperariam. Penso que se eles fossem obrigados a seguir a
rotina dos trabalhadores por uma semana, seria um ótimo aprendizado e
rapidamente mudariam suas posturas indiferentes e dinheirista.
Todavia, eles permanecem nas suas
torres de marfim dando ordem e engordando as suas contas. O governo por sua vez
nada tem feito para minorar a dor dos trabalhadores e inclusive tem assumido
uma linha de oposição. Ouvimos de uma censura clandestina ditatorial, em que
sinais de celulares e internet têm sido cortados impedindo coberturas em protestos
para que não se vejam o que de fato está acontecendo. O protesto é um direito assegurado
ao cidadão pela Constituição Federal. Na verdade, na qualidade de Estado
Democrático de Direito todos podem reunir pacificamente sem armas. Ninguém deve
ser impedido de mostrar o que pensa e protestar quando se sente prejudicado em
alguma coisa. Porém o que se vê é repressão!
Por outro lado a onda de protesto
traz consigo não apenas a demonstração de descontentamento pelo preço das
passagens, mas o descontentamento com o momento presente. Para a realização da
Copa em 2014 obras necessárias têm sido realizadas e tantas outras estão
andamento, porém todos sabem como o dinheiro público tem sido mal administrado,
enquanto a vida continua e há várias outras necessidades simultaneamente. Logo
os protestos das passagens tem ido além de meros R$ 0,20. Apesar dos índices de
elevação de preços subirem de maneira injusta e até exorbitante nesses últimos
anos, tendo em vista a precariedade com que os passageiros são atendidos.
Penso que nesses dias aquele
doutor de quem falei no início desse artigo, aquele que nos dava aula de
sociologia, deve estar satisfeito. Possivelmente, porque ele se lembra da década
de 1960 em que os jovens atuavam muito politicamente. Hoje outros jovens se
levantam contra a corrupção, pois “ou os corruptos param ou então o Brasil pára”.
Eles são a verdadeira “corrente pra frente” que não aceitam mais os desmandos
com o dinheiro público. É isso aí, como cantou Gonzaguinha, “Fala Brasil, solte
o fogo do teu coração”.
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