segunda-feira, 25 de março de 2013

UM GOL CONTRA, A PROPAGANDA NEGATIVA.




Em uma partida de futebol não muito raro acontece de um jogador fazer um gol contra. Tal situação representa vantagem para o time adversário e um grande incômodo para quem gera essa desvantagem para o seu próprio time. Imagine o desconforto diante de si mesmo para quem faz um gol contra, ainda que peça desculpas, e ainda que seja involuntário, e ainda que tenha compreensão alheia. Semelhantemente são as propagandas negativas, elas são como um gol contra, entretanto muitas vezes quem a faz nem percebe isso.
Não é necessário ter um senso tão apurado para se entender certas coisas e isso inclui a propaganda. Muitas vezes se faz necessário destacar algo negativo de uma situação, mas isso deve ser feito com respeito e limite, senão aquilo que se faz se tornará em efeito contrário, como diz o adágio popular, “O tiro saiu pela culatra”. Aquele que vos  escreve de maneira nenhuma se considera expert e nem o dono da razão sobre o assunto em voga. Ele até reconhece o zelo e as boas intenções daqueles que publicam certas imagens, porém sabe que não é aconselhável, na maioria das vezes, colocar uma frase criticando o craque com uma imagem que demonstre o prazer disso. Embora saibamos que só se usam craque porque ele traz algum tipo de prazer.
Lembram-se das propagandas de cigarro? Aquelas músicas, atores e atrizes lindos, cheios de boas maneiras ou aventuras, certos chavões como “gosto de levar vantagem em tudo”. Depois o Brasil foi amadurecendo e abandonou tudo isso por ver que não era tão vantajoso assim o produto. Penso que o mesmo acontecerá em relação a essas propagandas de homofobia, de all out, lgbt etc.
Outro aspecto negativo é falar demais naquele assunto. Tão mal quanto o silêncio é a ênfase exagerada da reprovação de uma determinada atitude, seja ela qual for. Quanto mais se repreende alguém, quanto mais se reprova, tanto mais esse alguém teimará em fazer determinada coisa. 

sexta-feira, 22 de março de 2013

MARCOS FELICIANO É MENOS CIDADÃO? O QUE É QUE HÁ POR TRÁS DISSO? CRISTIANOFOBIA.




Por que o Deputado Federal Pastor Marcos Feliciano, eleito para a comissão de direitos humanos está tão alvejado? Presenciam-se ataques desferidos contra a sua pessoa procedente de vários lados, na verdade não será isso um único lado? Com toda a responsabilidade as pessoas têm o direito de manifestar suas opiniões, sejam quais forem. Há outro lado que decidiu que os cristãos, principalmente, evangélicos são ignorantes como disse o Dep. Jean Wyllys. Outros acham que o fato de um cidadão eleito deputado federal não tem o direito de presidir uma comissão de direitos humanos por ser evangélico, pastor e em algum momento discordar de posicionamentos políticos e ideológicos em discussão.
A “Rainha dos Baixinhos” engajou-se contra o Pr. Marcos Feliciano chamando-o no Twiter de monstro e que se fizesse alguma coisa impedindo o exercício de sua presidência nessa comissão. Não poderia ser ele um padre católico, um rabino, um babalorixá ou líder de qualquer outra religião? Possivelmente sofreria outro tipo de comportamento da parte de muitos, não é mesmo? Note que se prega contra a intolerância e a favor de uma liberdade, mas que na verdade já está assegurada por Lei constitucional. Todavia, se perseguem pastores por mostrar uma posição diferente de vida violam tal Lei.
A manifestação feita em Ribeirão Preto diante do Templo em que o Deputado Federal é pastor e presidente é prova de uma perseguição. A ele foi cerceado o acesso ao templo e as famílias que ali se reúnem ficaram chocadas com o que viram e sofreram: Intimidações, músicas de protesto e palavras ofensivas de baixo calão. Como quem diz pregar a liberdade acha que tem o direito de atrapalhar e impedir o exercício do culto religioso? Não é incoerente isso? A história revela que em nome da liberdade muitos mentiram, caluniaram e mataram. Basta lembrar um pouco da revolução francesa. Tais pessoas na maioria das vezes não estão preocupadas com a liberdade de fato, mas com algum tipo de ganho para um determinado grupo.
A mensagem cristã é de arrependimento, abandono de todo tipo de vício e prática pecaminosa para uma vida satisfatória em Jesus Cristo. Tal mensagem não é nova, pois são de milenares raízes judaico-cristãs.  Não somos juízes de nosso próximo seja ele quem for, mas todos são iguais perante Deus e por isso responderão um dia pelas suas palavras e obras.  De acordo com a Carta aos Romanos é o grande troca a troca que os homens fazem indevidamente: Mudam a glória de Deus, 1.23; mudam a verdade de Deus em mentira, 1.25; desprezam o conhecimento de Deus, 1.28. Mas como isso acontece?
Lembremos que neste texto Paulo denuncia a ira de Deus contra o homem. A ira de Deus não é vingança cega, porém um estabelecimento de limites de tolerância. É claro que Paulo trata de vícios, mas entre eles está em destaque essa troca, troca forjada pelo gênero humano: “as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro”, 1.26; e acrescenta a seguir: “semelhantemente, os homens também deixando o contato natural da mulher...”, 1.27. Quais são as consequências disso? Tais coisas atraem a ira e o juízo de Deus de modo imediato e escatológico.

O Julgamento de Deus contra o pecado*[1]
O pecado
O juízo divino
Os homens mudaram a glória de Deus, v.23.
Deus entregou tais homens à imundícia, 1.24.
Os homens mudaram a verdade de Deus em mentira, v.25.
Por isso Deus os entregou as paixões infames, 1.26.
E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, v.28.
Deus os entregou a um sentido perverso, 1.28.









A forma imediata da condenação divina aos corações não arrependidos é a entrega dos homens à imundícia 1.24; às paixões infames, 1.26; a um sentido perverso, 1.28. O significado dessa entrega divina é que tais pessoas receberam “em si mesmas” a condenação da perda total de limites. Sua disposição mental reprovada gera um desvalor da vida, uma angústia pessoal indizível que se desdobra em atitudes no geral com a perda do decoro, agressivas, violentas, abortivas, etc. Tais coisas sempre tiveram presentes nas sociedades antigas, mas não significa que elas concordavam com tais práticas.
A forma escatológica do juízo divino aos impenitentes de modo escatológico é que Deus adverte que há de prestar contas de suas atitudes. Imagine você quantas coisas se recebem em vida: bens (dentre eles o próprio corpo), tempo, talentos etc., tais coisas são concedidas para um desfrutar justo e piedoso. Todavia, quando se troca, se inverte, se faz mau uso que é o que Paulo chama de [2]“impiedade e perversões” (1.18), então tal pessoa não herdará o reino de Deus, não desfrutará de sua presença e descanso eterno. Isso também representará banimento e suplício eterno, o que em nossa sociedade todos já ouviram de alguma forma.
Enfim retornando ao ponto inicial do assunto que nos trouxe aqui é que a cristandade tem como responsabilidade transmitir o Evangelho como ele é. Dentre os seus comunicadores está Marcos Feliciano, Silas Malafaia, este que vos escreve e todos os demais que se declaram seguidores de Jesus Cristo. Todavia os mesmos movimentos que pregam contra a intolerância eles mesmos a praticam, por exemplo, a cristianofobia (medo dos cristãos). Pura e simplesmente porque estes resolveram exercer sua cidadania. A partir daí os ativistas do movimento LGBT veem os cristãos com horror, excetos aqueles que estão a eles vinculados.  







[1] Pereira, Ronaldo Batista. Edição do autor. Celebrando a Justiça de Deus, Estudo na Carta aos Romanos. Rio de Janeiro – RJ 2012, p.15.

[2] Sociedade Bíblica do Brasil: Almeida Revista E Atualizada - Com Números De Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, 2003; 2005, S. Rm 1:19

sexta-feira, 8 de março de 2013



A PRAGA DO "GERUNDISMO"

 

Frases como ..eu vou estar transferindo a ligação..
surgiram no telemarketing.
Mas já se instalaram no topo. lá na diretoria



......Não acredito no purismo lingüístico, não. Desde que o homem é homem, as culturas e, conseqüentemente, as línguas se interpenetram. Hoje, quem é que reclama da palavra "otorrinolaringologista", todinha grega? Quem é que não usa a palavra "garagem" (ou "garage", tanto faz), que vem do francês? Mas (quase) tudo na vida tem limite. Em se tratando da língua, ou, mais especificamente, dos estrangeirismos, o limite é imposto pelo bom senso. Não vejo o menor sentido, por exemplo, no tosco uso da palavra off, que aparece na porta de algumas lojas. Não se trata de caso que enriquece a língua, que preenche espaço até então vago etc. Trata-se de subdesenvolvimento mesmo. Incurável. Ou, como dizia Nelson Rodrigues, do complexo de vira-lata. No lugar de off, parece conveniente usar a ultraconhecida palavra "desconto", cujo significado qualquer brasileiro conhece.
......Que me diz o leitor de traduzir "Smoking is not allowed" por ''Fumando não é permitido"? Alguém teria coragem de traduzir smoking por "fumando" nesse caso? Certamente não, mas muita gente traduz ao pé da letra frases como "I will be sending" ou "We will be booking" (por "Vou estar enviando" e "Vamos estar reservando", respectivamente). Como se vê pela mensagem com que se avisa que não é permitido fumar, o gerúndio inglês nem sempre continua gerúndio quando traduzido para o português.
......Onde estaria a inadequação de frases como "O senhor pode estar anotando o número?" ou ''Um minuto, que eu vou estar transferindo a ligação", que hoje em dia pululam e ecoam nos escritórios, no telemarketing etc.? O problema não está na estrutura - "flexão dos verbos 'ir', 'poder' etc. + estar + gerúndio" -, mas no mau uso que dela se tem feito. Essas construções são da nossa língua há séculos, ou alguém teria peito de dizer que uma frase como ''Eu bem que poderia estar dormindo" é inadequada?
......Qual é o problema então? Vamos lá.
......Quando se diz, por exemplo, "Não me telefone nessa hora, porque eu vou estar almoçando", indica-se um processo (o almoço) que terá certa duração, que estará em curso, mas - santo Deus! -, quando se diz ''Um minuto, que eu vou estar transferindo a ligação", emprega-se a construção "vou estar transferindo" para que se indique um processo que se realiza imediatamente. Quanto tempo se leva para a transferência de uma ligação? Meses ou segundos? O diabo é que, para piorar, "Vou estar transferindo" é uma verdadeira contorção verbal, que substitui, sem nenhuma vantagem, a construção "Vou transferir", mais curta, rápida, direta - e apropriada.
......A moda do "gerundismo" (essa de "O senhor tem que estar pegando uma senha", "Vamos ter que estar trocando a embreagem do seu carro", "Ela vai precisar estar voltando aqui amanhã", "A empresa vai poder estar fornecendo as peças" e outras ultrachatices semelhantes) só tem uma coisa de bom: o caráter democrático.......Traduzo: a praga pegou da telefonista ao gerente, da faxineira ao diretor-presidente.
......E quem começou tudo isso? Não se sabe, mas me atrevo a dizer que nasceu da tradução literal do inglês (de manuais ou assemelhados).
......Recentemente, um motorista me disse: "Professor, agora o senhor vai ter que estar me dizendo em que rua eu vou ter que estar entrando". Se eu tivesse levado a sério a pergunta dele, deveria ter respondido isto: "Naquela rua, naquela rua, naquela rua, naquela rua, naquela rua, naquela rua, naquela rua, naquela rua...". E, assim que ele entrasse na tal rua, eu deveria exigir que ele parasse o carro, engatasse a ré e ficasse entrando e saindo da rua (ou entrando na rua e saindo dela, como preferem os que amam a sintaxe. rigorosa), até moer a embreagem, os pneus... Até o gerundismo sumir do mapa!

Pasquale Cipro Neto é professor de língua portuguesa. consultor e colunista de diversos órgãos da imprensa e o idealizador e apresentador do programa Nossa Língua Portuguesa, da TV Cultura.

Este seu artigo foi publicado na edição nº1894 da Revista Veja..

quarta-feira, 6 de março de 2013


A Mensagem Ousada de um Vocacionado



Leitura Bíblica

Jeremias 7:1-11

1 Palavra que da parte do Senhor foi dita a Jeremias: 2 Põe-te à porta da Casa do Senhor, e proclama ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do Senhor, todos de Judá, vós, os que entrais por estas portas, para adorardes ao Senhor. 3 Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Emendai os vossos caminhos e as vossas obras, e eu vos farei habitar neste lugar. 4 Não confieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este. 5 Mas, se deveras emendardes os vossos caminhos e as vossas obras, se deveras praticardes a justiça, cada um com o seu próximo; 6 se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes após outros deuses para vosso próprio mal, 7 eu vos farei habitar neste lugar, na terra que dei a vossos pais, desde os tempos antigos e para sempre.
8 Eis que vós confiais em palavras falsas, que para nada vos aproveitam. 9 Que é isso? Furtais e matais, cometeis adultério e jurais falsamente, queimais incenso a Baal e andais após outros deuses que não conheceis, 10 e depois vindes, e vos pondes diante de mim nesta casa que se chama pelo meu nome, e dizeis: Estamos salvos; sim, só para continuardes a praticar estas abominações! 11 Será esta casa que se chama pelo meu nome um covil de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isto, diz o Senhor.


INTRODUÇÃO

Caros irmãos devemos entender que tendo em vista a situação moral e espiritual do povo de Judá, o profeta Jeremias uma vez mais foi convocado para uma pesada missão. A de proclamar ousadamente a Palavra de Deus na entrada da porta externa do Templo em Jerusalém. Que se tornou grande símbolo religioso e orgulho judaico naqueles tempos. Pois apesar de todo o ofício religioso que ali havia, o culto tornou-se muito formal e ritual. Jeremias, como pregador, foi chamado a anunciar o conselho de Deus e ao mesmo tempo, combater as falsas convicções que havia entre o seu povo. Isso nos faz lembrar Jesus que se postou várias vezes também a porta do templo pregando-lhes ousadamente a Palavra, inclusive profetizando a queda do templo: “não ficará aqui pedra sobre pedra”.

I.    JEREMIAS É CHAMADO A PREGAR NA PORTA DO TEMPLO

O orador teve uma missão nada convencional, pregar na porta do templo? E por quê?

1.    Todos de Judá, 7.2.

Jeremias foi orientado a dirigir a palavra profética a todos de Judá. O Templo em Jerusalém era o coração religioso de Judá, logo se postar a porta externa do mesmo, representava estar num lugar estratégico que todos pudessem ouvi-lo nitidamente. Mas todos quem? Os cidadãos comuns, os anciãos do povo, os sacerdotes, o sumo-sacerdote, e até mesmo o rei, portanto todos seriam capazes de ouvi-lo anunciar o desígnio de Javé. Vejam professores que a verdadeira mensagem profética, quando uma nação está desviada deve ser inclusiva e dirigida a todos indiscriminadamente. Por outro lado, o anunciador da Palavra de Deus entende os riscos que corre, mesmo assim não deve abrandar ou inflamar a mensagem e sim, transmiti-la na atitude e sentimento correto por obediência a Deus. O verdadeiro profeta respeita as autoridades, mas não lhes priva da Palavra do Senhor por temor a Ele, pois eles também são homens.

2.    Todos os que entram para adorar

Observe que Jeremias faz questão de chamar a atenção de todos, mas ele fala algo que chega ser quase uma redundância. Ou pelo menos uma coisa muito lógica: “Ouvi a palavra do Senhor... vós os que entrais por estas portas para adorardes...”. Logo fica claro que a vida religiosa ali existente era intensa em torno da adoração a Javé. Mas por outro lado, de verdade o povo estava distante de Deus apesar de entrar em seu Templo; não eram sinceros de coração, apesar de pronunciarem o seu amor por Javé, o Deus da aliança. Eles entravam no Templo para adorar, mas Javé não era centro da vida deles, não participava da rotina deles. Agindo assim tornaram-se vítimas de concepções erradas apesar de se considerarem adoradores de Deus. É um grave perigo estarmos tão envolvidos nas atividades religiosas e de fato não sermos considerados adoradores sinceros. Estarmos ativamente agindo no *culto cantando, administrando ou pregando imaginando que Deus está recebendo a honra, mas de fato não está. Ao contrário, está considerando essa casa de adoração uma caverna de salteadores, praticantes da simonia, 7.11.

3.    Adoração rejeitada

Quando Deus deixa de ser o centro da nossa vida, isto é, Ele fica de fora dos nossos planos, dos nossos prazeres, da nossa rotina, das nossas dores e mesmo virtudes. O que fizermos para Ele fica sem valor e nossa adoração é rejeitada. O termo “adorar” aqui empregado no hebraico é shachah e significa inclinar-se, prostrar-se, 7.2. Deus não queria que eles se prostrassem apenas com o corpo e ficassem em contemplação. Mas desejava que eles o servissem com amor de todo o coração, com toda força e com todo o pensamento, como disse Moisés, Dt 6.5. A lógica de Deus era: se não me servem com um coração inteiro, essa adoração não tem valor para mim, nem mesmo a casa de culto construída para mim.


II.    A MENSAGEM DE JEREMIAS

Apesar da Nação de Judá considerar-se monoteísta todos sabiam das palavras proféticas partindo do espírito de Baal, o deus masculino da fertilidade. Cuja adoração se permitiram seduzir. Agora, no entanto, o povo espiritualmente desviado teria que ouvir a voz do verdadeiro Deus.

1.    Quem diz verdadeiramente

Jeremias recebe ordens de profetizar da parte de Javé: “Ouvi a palavra do Senhor”, a palavra traduzida por Senhor em hebraico é Javé, aquele que é ou que existe por si mesmo. Este é o nome pelo qual Deus se revelou a Moisés, portanto o Deus da aliança. Note que apesar do povo estar desviado espiritualmente Deus se apresenta, como o Deus da aliança. Mas ao longo da mensagem profética há mais duas designações de Deus: primeiro, o profeta se apresenta como Javé ou Jeová dos Exércitos (hb. tsabá) que indica que Ele é dos Exércitos celestiais ou vai adiante dos Exércitos celestiais. Segundo, o Deus de Israel, 7.3. A palavra Deus aí é Elhoym, é o termo que é usado para Deus na criação do universo por Moisés, Gn 1. É Deus no plural, mas tem o sentido de Deus supremo em força e poder, o Todo Poderoso. Ele é o Todo Poderoso que prevalece (Israel), que também nos faz lembrar o patriarca Jacó. Visto estes termos, notemos a magistralidade com que o profeta apresenta o Autor da mensagem, pois à medida que fala busca impressionar seus ouvintes falando acerca de um Deus tão grandioso e criador, mas que inclina para lhes falar severamente por meio de Jeremias.

2.    Melhorai

Deus desejava que eles melhorassem os seus caminhos, isto é, que tomassem prazer em fazer a sua vontade. Que abandonassem o que lhe era desagradável, mas que praticassem a justiça para com o próximo, 7.5. Não somente isso, mas deixassem de oprimir o órfão, a viúva e o estrangeiro, que era a classe desfavorecida daquela época. Apesar de a Lei Mosaica ampará-los, está claro que esse conteúdo havia sido relegado ao esquecimento pelas classes dominantes de Judá, 7.6. Além do mais, a opressão chegava a certos níveis que muito sangue inocente era derramado e ainda andavam após outros deuses, tais como Baal e Astarote, 7.7. Igualmente, havia uma quebra generalizada dos mandamentos de Deus, 7.9. Vejam que a mensagem de Deus atingia diretamente ao comportamento do povo em geral, tanto a nobres quanto ao cidadão comum. Deus requeria que eles emendassem o caminho deles para que eles desfrutassem de suas promessas, tais como: continuar habitar naquele lugar, 7.3,7. Emendar aqui é corrigir-se das suas deformações, como quem quebra um osso, mas tem que dolorosamente fazê-lo voltar ao lugar, como fazem os ortopedistas a ortopraxia aos pacientes. Veja que Deus exige que seu povo faça a ortopraxia em si mesmo, e através disso se cure, e goze das suas promessas.

3.    Consequência da obstinação

Não há como suavizar a mensagem profética, posto que o povo esteja à porta da destruição, por causa dos seus caminhos tortuosos. O que Deus exige de seu povo é uma medida dolorosa de correção como vimos acima, para que eles literalmente, pelo menos sobrevivessem ali. Pois se levantava uma superpotência inimiga que, caso não atendessem a Deus seria um duro castigo para eles. Como de fato acabou acontecendo. O perigo do pecado está no prazer viciante que ele causa, o afastamento nem sempre perceptível da presença de Deus e a teimosia do coração em relação a sua vontade afastando-o completamente. Senhores professores cuidem de vocês mesmos e de seus alunos, aquele que está em pé cuide-se para que não caia, pois as consequências são inevitáveis. Falo solenemente que, para aqueles crentes não houve mais remédio, não houve oração capaz, nem a multiplicação de sacrifícios, apenas a rejeição divina, pois não se emendaram jamais, confira: Jr 7.16, 21,27. Voltemos aos combates de Jeremias.


III. JEREMIAS COMBATE A TEOLOGIA DO TEMPLO

Jeremias de frente a porta do templo combate os falsos conceitos disseminados em seus dias. Vemos que ao agir assim, ele se porta como um apologeta da verdade. Não raro o povo se apega a vãs filosofias, heresias ou erros teológicos justificando um proceder. Ele não procurou ser um homem politicamente correto, apenas um arauto de Deus.

1.    Falsas concepções e falsas soluções, v.4,8.

Uma falsa concepção se alastrou entre o povo naqueles dias, pois eles repetiam “Templo” como se fosse uma fórmula mágica ou uma espécie de positivismo. Isso significava que eles estavam depositando a confiança no Templo e não em Deus. Estavam fazendo do Templo de Salomão um grande amuleto, como se este possuísse poderes mágicos para livrá-los da grande tragédia que estava para se abater sobre eles. O que não aconteceu, mas acerca disso foram advertidos. Embora o Templo fosse o depositário da arca do Senhor, da glória de Javé que no passado havia se manifestado, o crer que o Templo em si os salvaria era uma forma sutil de continuarem pecando. Vemos que essas práticas acontecem ainda hoje, quando muitos se apegam a objetos simbólicos tornando-os fetiches para solucionar os seus problemas, isso em pleno século XXI. Muitos recorrem a determinados ícones nesse país afora em busca de cura, felicidade, casamento, mas não buscam a Deus que está tão perto e é a felicidade de todos nós. Pois buscar ao Todo Poderoso tem as suas implicações vitais.


2.    Verdadeira concepção e verdadeira solução, vv.5-7.

A verdadeira concepção a ser adotada tinha suas implicações. Quer dizer, eles precisavam corrigir os próprios caminhos como já foi dito acima, 7.3. Em seguida não deveriam confiar em lorotas infundadas, como disse o profeta: “Não vos fieis em palavras falsas”. É por meio desse confronto que o profeta desmistifica essa tal teologia, chamada pelo Pr. Claudionor  de Andrade chama de “teologia do templo”, isto é, uma corrente e falsa concepção daquele tempo. Pois a simples repetição daquelas palavras não mudariam a situação deles diante de Deus e da proximidade do que estava para acontecer, 7.4. Eles deveriam sim, era arrepender dos seus pecados e voltarem-se para Deus. A solução era esta e não prestarem mais atenção nas falsas pregações, que traziam  falsas esperanças. Hoje mais do que nunca devemos retornar para Deus e sua Palavra com um coração inteiro, o Senhor Jesus Cristo deve ser o centro das nossas vidas. Em tudo Ele deve ser participante.


IV. A LIÇÃO DE SILÓ

1.      Siló, um antítipo.

Jeremias retoma o assunto do templo no verso 12 para contra-argumentar a falsa concepção deles. E em nome do Senhor lembra-lhes o que Ele fez com aquele antigo centro de adoração, em Siló, que ficava no território da tribo de Efraim, foi o lugar de adoração em Israel no tempo dos juízes. Siló foi, portanto, o lugar do Tabernáculo do Senhor, para onde muitos faziam suas peregrinações. Ali também residia a familia sacerdotal de Eli. Foi por causa das guerras entre Israel e os filisteus, que o lugar ficou devastado, o tabernáculo saqueado, indo também a arca do Senhor parar no templo de Dagom na cidade de Asdode dos filisteus, 1Sm 4 e 5. Assim como Deus fez a Siló, por causa da maldade naqueles tempos, faria agora a Jerusalém e ao Templo junto com a sua arca, 7.12-14. Vede que Deus não se prende a símbolos, templos, organizações e nações, mas a sua própria Palavra.

2.      Efraim um antítipo

Deus amplia sua Palavra de castigo afirmando que o que fez a Efraim, faria também a eles. Essa era uma palavra profética duríssima e difícil de pronunciar. Mas Jeremias não vacilou. Deus não queria que o coração do povo estivesse na cidade terrenal de Jerusalém, nem no Templo, mas nele que os havia assentado ali. Vede que o orgulho do povo seria quebrantado, o povo seria definitiva e completamente atirado para fora da presença de Deus, 7.15. As chamas da ira de Deus se tornam incandescentes quando o povo diz que lhe serve, mas anda no pecado. Um pouco de Javé e um pouco de Baal, um pouco de Jerusalém e um pouco de Tofete, uma boa porção da Palavra de Deus outra boa porção da falsa profecia e desviada teologia. Deus não se agrada de meio cristão. Ouça o que diz o Mestre: “porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca” Ap 3.16.


3.      O Comportamento reprovável, vv.27-28.

Mesmo de diante das palavras proféticas, das argumentações e das duríssimas ameaças, a população se comportou reprovavelmente. Ninguém nada falava, nada ouvia, não houve resposta e nem tampouco aceitaram a correção. Tamanha foi a indiferença! Jeremias para eles era apenas um falador sem crédito, um profeta até poético, mas louco. O povo estava mui seguro de si mesmo, arrogante suas concepções, firmes em suas falsas razões que continuaram a viver da mesma maneira. Portanto, para Deus eles já tinham perecido.


CONCLUSÃO

A Palavra de Deus deve ser anunciada ousadamente, seja para cristãos ou não cristãos. Pois o compromisso dos servos de Deus é com Ele acima de tudo. Entretanto, não devemos pensar que ninguém nos ouve, pois sempre alguém nos ouvirá, esse é um ângulo da questão. O outro é pensar que todos nos ouvem atentamente e aceitam a nossa mensagem, isso é plenamente possível. Mas devemos encarar a questão com equilíbrio. Talvez o nosso maior inimigo seja o nosso sucesso, nossas vitórias e boa aceitação. Na verdade meu maior inimigo sou eu mesmo, com a sede de aceitação do auditório, com a ardente cobiça pelo reconhecimento público. Enquanto que Jeremias, Ezequiel e o Senhor Jesus foram desprezados por causa da sua mensagem.
Outro perigo é nos afastarmos da teologia essencialmente bíblica, por de lado a hermenêutica literal, onde a Bíblia por si mesma se interpreta e tem um só sentido, e fazermos as coisas meramente por prazer próprio sem oração. Não devemos gastar tempo com nulidades, vãs filosofias ou teologias que nada nos acrescentarão, como aqueles homens fizeram. Antes devemos banir toda e qualquer mensagem imbecil, positivista que tente nos seduzir.


VOCABULÁRIO

Inclusiva: Que inclue, que abrange.
Simonia: Venda ilícita das coisas sagradas.
Ortopraxia: Correção mecânica de deformações.
Positivismo: Tendência para encarar a vida só pelo lado prático e útil.
Amuleto: Qualquer objeto que se traz na persuasão ser válido contra malefícios ou desgraças.
Depositário: Aquele que recebe em depósito.
Fetiche: Objeto enfeitiçado, feitiço.
Desmistificar: Livrar ou tirar da mistificação.

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

Sociedade Bíblica do Brasil. 1995; 2005. Almeida Revista e Corrigida. Sociedade Bíblica do Brasil
·         Sociedade Bíblica do Brasil. 2002; 2005. Bíblia de Estudo Almeida - Revista e Corrigida. Sociedade Bíblica do Brasil
·         Sociedade Bíblica do Brasil. 2003; 2005. Almeida Revista e Atualizada - Com Números de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil
·         Strong, J., & Sociedade Bíblica do Brasil. 2002; 2005. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil
·         Dicionário Prático Michaelis
·         Dicionário Aurélio



sábado, 2 de março de 2013

VOCACIONADO EM TEMPO DE CRISE



"Mas o Senhor me disse: Não digas: Eu sou uma criança; porque, aonde quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás." (Jeremias 1:7)

INTRODUÇÃO

Os tempos haviam mudado em Judá, havia uma expectativa positiva nos círculos proféticos. E cada profeta falava segundo a sua intuição e não segundo a Palavra revelada de Deus. A calamidade sorrateiramente se aproximava e o povo com seus líderes não se apercebiam disso. Deus precisava de um homem que se dispusesse a ser um verdadeiro profeta. Pois, um genuíno profeta, fala o que Deus quer. Não o que o povo deseja ouvir. Jeremias era esse homem que Deus preparava e dava de presente para seu povo em Judá. Ele era um vidente de Deus com uma visão diferente da humana, pois como águia voa alto e vê muito além, assim foi Jeremias à frente dos da sua geração. Um homem de íntima comunhão com Deus, fiel a sua chamada e capaz de trazer esperança a sua nação, ainda que incompreendido e humilhado. Deixemos nos inspirar pela sua profunda comunhão com Deus, e que sua fidelidade e ardor profético seja um instrumento do Espírito Santo para incendiar o nosso coração.

I.    O CENÁRIO HISTÓRICO NA ÉPOCA DE JEREMIAS

1.    Israel em seu aspecto político.

Jeremias nasceu em uma ocasião que Judá era uma monarquia, também denominada Reino do Sul, cuja linhagem de reis era descendentes de Davi. A Assíria como Império dominou toda a região do Oriente Médio, destruindo a Israel, o reino do Norte, cuja capital era Samaria. Mas a Assíria tendo tombado como potência, o Egito e Babilônia procuraram logo ocupar esse espaço. Nessa época quem reinava, era o reformador Rei Josias. Que se opondo a Faraó Neco morreu em batalha. Foi também nessa época que o Egito quiz expandir seus domínios até o Eufrates, mas foi contido por Babilônia, que lhe impôs severa derrota na famosa batalha de Carquemis. Obrigando assim os Egípcios retornarem aos seus termos. Judá ficou um tanto dividido quanto a quem servir como tributário, preferindo ficar erroneamente com o Egito. Apesar das palavras proféticas de Jeremias.

2.    Israel em seu aspecto religioso.

A reforma religiosa trazida a Israel por meio de Josias, rei de Judá. Não foi suficiente para conter toda a aprofundada influência idolátrica de Manassés e Amon, seu sucessor. Jeremias foi chamado ao ministério profético por Deus na ocasião dessa reforma, melhor no fim dela, pois a mesma não pôde ser concluída. Não há como saber a idade de Jeremias quando chamado poderia ser menino, adolescente ou jovem. Era um tempo de dispensação profética, mas esses profetas estavam politicamente comprometidos com o sistema político, de maneira que ainda que eles fossem cheios de boa intenção e sinceridade, de verdade Deus não falava através deles. E foi com a influência deles junto ao rei que Israel veio a esfarcelar-se aos pés da Babilônia.

3.    A origem sacerdotal de Jeremias.

Pelo exposto acima fica claro que Jeremias nasceu em tempos difíceis. Pois foi um tempo que o reino se encontrou instável por causa da política internacional. Foi um momento que a reforma religiosa apesar de ter sido conduzida por Josias durante vários anos, somente teve um empenho significativo, e sistemático depois de achada uma cópia da Lei Mosaica por Hilquias, na casa do Senhor Deus.
Mas onde ele nasceu? Na cidade de Anatote, aproximadamente uns seis quilômetros de Jerusalém, em terra que ficava na tribo de Benjamim, mas destinada por Lei aos sacerdotes. Portanto, tudo nos leva crer que Jeremias era filho de sacerdote.


II.    A VOCAÇÃO DE JEREMIAS

1.    Chamado jovem para o ministério.
Não há como saber a idade de Jeremias por ocasião do seu chamado divino ao ministério profético. O certo é que ele olhava para si mesmo e não se achava suficientemente capaz e maduro, mas apenas uma criança. Entretanto o Senhor Javé o retorquiu, “não digas eu sou uma criança”. Evidentemente que o jovem chamado se sentia incapaz para enfrentar um ministério a nível nacional e internacional. Pois assim disse o Senhor: “Olha, ponho-te neste dia sobre as nações e reinos...”, Jr 1.10. Embora Jeremias olhasse para si mesmo e se visse como uma criança, Deus o via como alguém plenamente responsável e confiável para exercer tal ministério. O que fica para os mais jovens hoje um grande estímulo, pois o Senhor é soberano para chamar a quem quiser. Independente de sua idade.

2.    A incapacidade de Jeremias.
Embora Jeremias se achasse muito jovem para o exercício do ministério profético, o que para ele era um impedimento, Deus não via assim. O certo é que ele temeu pela sua segurança, pelo sofrimento e desprezo que sofreria durante o exercício do mesmo. Nessa época havia profetas que tinham acesso ao rei, prestígio por causa de sua profecia e conselhos bem sucedidos. Eram também pessoas bem mais velhas que poderiam colocar em risco a sua segurança. Parece que num relance tudo isso veio à mente do jovem Jeremias. Mas Deus não via esses homens assim, Deus não queria homens vendidos, com conceitos preconcebidos de governo e simpáticos ao rei, nem antipáticos é claro. Mas simples e fiéis para aquele momento difícil que se aproximava, tudo isso Deus achou no jovem Jeremias.

3.    Uma questão de autoridade reconhecida.
O propósito principal do exercício profético é captar a vontade de Deus para um momento específico, receber e transmitir a sua vontade para aquela situação, e por fim influir na consciência, atitude social, comportamento religioso a nível local ou internacional. O profeta consegue enxergar o que as pessoas não vêem, pois Deus o conectou ao mundo espiritual. Deus disponibiliza uma fração da sua onisciência para que este vidente enxergue o futuro na ótica divina e traga direção, proteção, provisão e livramento ao seu povo. Por isso a maioria das vezes é incompreendido, pois muitas vezes o profeta quebra paradigmas existentes em seu tempo. Jeremias sabia que tudo isso estava envolvido, e teria que enfrentar os veteranos e precisava de um respaldo para esse exercício com autoridade. Havia um código que legislava neste particular, foi por isso que Deus lhe deu uma visão maravilhosa da amendoeira que falaremos mais adiante.

III. ASPECTOS ENCORAJADORES DA CHAMADA PROFÉTICA

1.    Deus chama diretamente, Jr 1.2,4.
O Senhor Javé não impede que seus servos desejem qualquer ministério, seja profético, evangelístico ou mesmo político. Não há qualquer sensura neste particular em toda a Bíblia Sagrada. Porém, fica claro que às vezes ele vocaciona de forma especial a algumas pessoas dirigindo-se a elas diretamente. Acrecento, por meio de sonho, visão ou profecia do ministério. Essa pode ser mesmo uma chamada pré-natalícia, “antes que eu te formasse no ventre te conheci... e às nações te dei por profeta”, Jr 1.5. Sem dúvida este é um aspecto surpreendentemente encorajador para quem o recebe, mas fica implícito também o nível e grau de responsabilidade perante o Ente Divino. Cabe uma nota aqui, nem todos os grandes servos de Deus tiveram uma chamada como Jeremias, Isaías ou Paulo no caminho de Damasco, mas estão atuando dentro de uma visão grandiosa no reino de Deus. Portanto, com cada um Deus age de uma maneira, vai depender principalmente do coração do vocacionado e nível da chamada.

2.    Deus encoraja, Jr 1.6-8.

Muitas vezes o servo de Deus olha para suas incapacidades, impurezas, limitações e perseguições futuras. Mas Deus não recua na sua Palavra e chamado, mesmo que este apresente a Ele motivos para não aceitar o encargo. Tal como Jeremias, “Senhor, eu sou uma criança”; ou como Moisés, “Senhor sou pesado de língua, envia outro no meu lugar”, ou ainda como Isaías, “Ai de mim que vou perecendo... sou um homem de lábios impuros”. Deus não é tomado de surpresa, mas para cada um tem uma palavra de encorajamento, nem que seja em forma de ordem como foi com Jeremias: “aonde quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás”.  

3.    Deus capacita, Jr 1.9-12.

A maioria das desculpas com respeito a aparentes incapacidades são na verdade quadros mentais falsos escondidos em nós mesmos. Ora, Deus só chama alguém porque vê que ele é capaz de realizar o seu chamado, a sua obra. Caso falte alguma coisa o Senhor completa, se for estímulo ele dá. Por exemplo para Jeremias a mão do Senhor tocou-lhe na boca, Jr 1.9; no caso de Moisés transformou a sua vara em serpente, Ex 2.1-4; para Isaías Deus enviou um serafim a tocá-lo na boca com uma brasa do altar, Is 6.6-7; para Pedro o Senhor mandou-lhe lançar a rede do lado direito do barco, ao apanhar tantos peixes, em terra prostrado e tremendo disse, “Senhor ausenta-te de mim que sou homem pecador”. Como se para Jeremias fosse pouco que o Senhor lhe tocasse na boca, deu-lhe uma maravilhosa, visão que confirmava a sua autoridade profética: “Que é que vês, Jeremias? E eu disse: Vejo uma vara de amendoeira. E disse-me o Senhor: Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para a cumprir”, Jr 1.11-12.



IV. O CELIBATO DE JEREMIAS

O permanente estado de celibato (solteiro) de Jeremias foi uma ordem e orientação divina, Jr 16.1-2. Não uma escolha sua ou falta de opção de com quem se casar. Quando Deus assim lhe ordenou explicou-lhe claramente o motivo: filhos, filhas e mães morreriam de dolorosas doenças naquele lugar por causa do pecado daquela geração, Jr 16.3-4. Mas quem sabe, se tivesse se casado seus oponentes poderiam tornar sua família vítima de represálias machucando profundamente o seu coração e sentimentos. Hoje entendemos também perfeitamente que as pestes são consequências das guerras, pois com a falta de suprimento decai a qualidade de vida vertiginosamente, gerando todo tipo de praga. Hoje em dia quase não há esclarecimento acerca desse assunto, isto é, pessoas cuja orientação deve ser para permanecerem solteiras por um desígnio divino. Porém tais orientações estão estampadas na Bíblia, pois se trata de uma chamada preciosa e muito especial por parte do Senhor, 1Co 7.25-38. Se bem que há aqueles que o fazem voluntariamente como um voto a Deus, o que não estão impedidos de fazê-lo, mas se isso acontecer devem se esforçar para cumpri-lo, caso contrário melhor não fazer um voto assim.


V. A POSTURA PROFÉTICA DE JEREMIAS

Jeremias procedeu com a maturidade de um profeta de primeira grandeza, que de fato ele foi. Alguns ao verem o ministério profético de Jesus afirmaram, que Ele era Jeremias, Mt 16.14. Tal foi a grandeza de Jeremias! Este profeta não estava interessado em aceitação pessoal, mas a rejeição de sua mensagem lhe levava às lágrimas, pois ele via por antecipação o fogo abrasador do juízo de Deus sobre aquela geração. Não buscava popularidade, nem se auto-afirmar como um profeta e chegou mesmo a pensar e abandonar o ministério profético por um tempo. Mas o seu amor pelo Senhor e pelo seu obstinado povo era tão grande que abandonou a idéia de abandonar sua vocação profética, Jr 20.9. Quantos profetas estão se auto-afirmando em seu próprio carisma, estão sedentos de aceitação pessoal, pois seu interior não está sarado. Utilizam-se do dom de Deus para autopromoção e descaradamente profetizam mentiras trazendo frustração para muitos. São pessoas que precisam de tratamento do Senhor, de arrependimento e cura. Infelizmente os verdadeiros profetas sofrem rejeição, calúnias e maus-tratos. Por outro lado como Jesus, aprendem a perdoar e ganham resistência para prosseguir.

CONCLUSÃO

O tempo em que Jeremias foi chamado ao ministério profético, eram desafiadores por ser um tempo de nova definição política internacional que afetaria diretamente a vida dos judeus. Mesmo assim ele permaneceu fiel a Deus como um homem temente a Javé, em sua conduta e ministério profético. O seu nível de compromisso com Deus e o amor a seu povo tornaram-no o profeta da Esperança naqueles tempos difíceis. Apesar de demonstrar ser uma pessoa sofrida e sentimental, sempre avançou na sua chamada. Demonstrou um grande domínio próprio não se casando sob as ordens de Deus, e a sua postura profética foi tão exemplar que atravessa séculos chegando aos nossos dias.