Numa pesquisa sumária acerca dos olhos na Bíblia descobri quase seiscentas
ocorrências desta palavra. Evidentemente que esse fato demonstra a importância
que as Escrituras dão a este indispensável órgão dos sentidos – a visão. Não é
a toa que desde há muito tempo alguns denominam os olhos como as janelas da
alma. Considerando que através de
janelas entram luz, calor e belas paisagens; os olhos são um canal em que a
alma desfruta desse contato maravilhoso com o mundo físico. Por isso com muita
justiça escreveu o sábio, “os olhos não se fartam de ver”, Ec 1.8. Todavia não
esqueçamos que em janelas abertas nem sempre o que por elas entram são
desejáveis.
Outro dia entrou pela janela lá de casa uma mariposa enorme e nos
causou certo incômodo. Aliás, na casa de quem uma nunca entrou pela janela uma
dessas e começou a bruxulear ante a lâmpada? Creio que na casa de todos. Noutra
ocasião saí de minha casa e esqueci a janela do quarto aberta e assim ventou e
choveu molhando a cortina e parte da minha cama. Como disse nem tudo o que
entra pela janela, se não tivermos cuidado são coisas boas. Muitas vezes é
oportuno fechar a nossa janela e assim devemos fazer com os nossos olhos, as janelas de nossa alma.
A curiosidade costuma ser uma grande armadilha para os olhos.
Contam que em certa cidade de Minas, de determinado porte, havia um ajuntamento
de pessoas. Sabendo que ali ocorrera um atropelamento um homem desejoso para
ver, decidiu romper a multidão e se pôs a pedir licença, empurrar a um, e a
empurrar outro, pedia desculpas e licença porque o acidentado era o seu parente. Quando finalmente chegou próximo à vítima viu que era um burro que
fora atropelado, e por sua curiosidade incontida passou uma enorme vergonha.
Pois dissera que quem ali estava era seu parente. A curiosidade é assim se
formos sem cuidado, ela é capaz de nos impor humilhação, vergonha etc.
Pessoas sábias tem muito cuidado em selecionar o que vêem. Expor
os olhos a tudo apenas porque esta é a função da visão, ou meramente pensar que
os olhos como dizem alguns “são para ver” isso é insensatez, Pv 17.24. Os olhos
foram postos na cabeça bem próximos ao cérebro, sede do pensamento e das
emoções, e é através deles que o cérebro enxerga o que está ao redor. Logo o enxergar está
diretamente ligado ao pensar e sentir, assim como nem tudo o que entra por uma
janela é desejável, de igual modo são as coisas que entram através dos olhos. Há momentos que
precisamos fechar as nossas janelas imediatamente, e ainda, colocar para fora o
indesejável que entrou.
É um risco tremendo para quem ocupa determinado cargo público,
administrativo e financeiro permitir que seus olhos sejam expostos a determinadas
coisas passivamente. O grande risco de prevaricação começa no ver, depois no cobiçar
e em seguida no lançar mão indevidamente naquilo que não lhe pertence. O Rei Davi
passou por esse tipo de tentação e resolveu fazer uma redação para que isso
fixasse para sempre em sua memória: “Não porei coisa injusta diante dos meus
olhos”, Sl 101.3ª. Ele o homem da aliança com Deus não queria corromper a sua
administração e cair no desagrado e reprovação divina. Assim ele tomou medidas
para impedir tal coisa.
É claro que ele estava falando de pessoas de má conduta, de má índole
capazes de manchar a sua administração, pois ele diz: “aborreço o proceder dos
que se desviam; nada disto se me pegará”, Sl 101.3b. O Deus da aliança é santo
e tudo lhe pertence, logo quem se afasta para entrar num caminho de corrupção
não seria mais tolerado diante do Rei. Presenciar determinadas coisas e se
omitir, ou se fazer como se nada soubesse não remove o delito e nem a
culpabilidade de consciência de quem está investido de autoridade. O mal além
de ser evitado deve ser aborrecido, detestado; logo não mais estaria diante dos
olhos do servo de Deus.
Talvez o leitor ainda não esteja convencido de que Davi não tenha
passado por isso. Para ter tal certeza basta ler todo o Salmo 101 e toda dúvida
se desfará. Note que Davi quer ter uma gestão honesta, uma administração
aprovada por Deus, dessa forma os seus olhos estão atentos para um determinado
tipo de pessoa. É praticamente impossível um Rei, governador, sacerdote ou
outro executivo não saber que há falcatruas na sua gestão. Por isso os olhos de
Davi se puseram a trabalhar na seleção de quem com ele conviveria e o serviria:
“Os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que habitem comigo; o que
anda em reto caminho, esse me servirá” Sl 101.6.
O sucesso de um líder é determinado pela capacidade de escolher
muito bem os que hão de compor a sua equipe de trabalho. Se ele escolher mal os
componentes dessa equipe, ou avaliá-los apenas pela competência e não pelo
caráter, terá uma administração que deixará de ser útil ao bem comum. Por isso
Davi determinou que não aceitaria trabalhar com fraudadores e mentirosos, os
tais jamais permaneceriam antes aos seus olhos: “Não há de ficar em minha casa
o que usa de fraude; o que profere mentiras não permanecerá ante os meus olhos”
Sl 101.7.
Os olhos estão ligados ao cérebro, mas a corrupção também está na
mente. Quando o Salmista diz: “Não porei coisa injusta diante dos meus olhos”. No
hebraico “coisa injusta” tem o sentido literal de DISCURSO DE BELIAL. Daí pode
concluir que ele não toleraria discursos rebeldes, mentirosos e fraudulentos diante da
sua visão sincera de trabalho. Não vemos apenas coisas com os olhos, nossas
mentes são capazes de olhar por meio de um texto, de palestras, de palavras.
Poderemos nos conduzir a uma direção contrária se ouvirmos discursos contrários
a nossa visão. Discursos cheios de lisonjas e promessas são verdadeiros oásis
de ilusão, que nos levarão a nada e mais ao prejuízo.
A palavra belial ( בליעל ) em hebraico tem o sentido de
imprestável, companheiro vil, mas também se refere a uma entidade demoníaca cananita.
Este ser era no Antigo Testamento entendido como o chefe do Sheol, ou seja, do
inferno. Às vezes confundido com Satanás por causa de uma citação de Paulo, 1Co
6.15. Mas a cristandade sempre os entendeu como seres distintos. De qualquer
maneira, sabe-se que o discurso de rebelião é coisa demoníaca, traiçoeira e está
associada ao inferno. Há muitos discursos por aí que colocarão multidões
incontáveis nesse patamar de perdição, desprezo e dor. E é incorreto pensar que
isso ocorrerá depois da morte, pois já em vida quem se envolve com essas coisas
já vive num inferno na terra.
Em tempos como os nossos as janelas de nossas almas devem se fechar
para os inconvenientes à vida conjugal, à reputação e a paz interior. A
internet tem sido uma bênção e maldição simultaneamente. O facebook estava
acelerando o nível de divórcio no Reino Unido, a pornografia tem se tornado
pior que o ópio no mundo. As janelas da alma têm sido abertas para o Senhor do
Inferno em muitos lares, este príncipe maligno tem escravizado muitos cônjuges
que de maneira inexplicável tem abandonado seus lares. Com muita gravidade asseverou
o Senhor Jesus Cristo: “São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem
bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo
o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas,
que grandes trevas serão!” Sl 6.22-23.
Visto que morte é o
contrário da vida, não selecionar cuidadosamente o que se vê e o que se ouve é
uma maneira de trazer para dentro do lar demônios de destruição. Este é outro
sentido de belial, porque ele gera incontinência sexual, destrói a família,
promove incestos, estupros, prostituição e a homossexualidade. Apenas o
arrependimento sincero diante de Deus e acompanhamento adequado e cauteloso
possibilitará libertação desses males. Portanto bata a porta na cara de belial
e abra-a para Cristo o Senhor, convide-o e ele desalojará esse intruso, seja
honesto e peça ajuda e assim se houver algum problema dessa natureza, você
encontrará libertação.
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