quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

PASTORES SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS




HÁ VAGAS PARA PASTORES - III

Ser alguém segundo o coração de Deus provavelmente é a maior exigência para que alguém exerça o ministério pastoral. Mas para que se conheçam pastores segundo o coração de Deus faz-se necessário que se procure conhecer o coração de Deus. Evidentemente, que há algumas pistas que poderemos seguir nas Sagradas Escrituras e assim sabermos as principais coisas que há no coração de Deus.  Tal foi a alegria do autor deste artigo ao meditar e escrever acerca deste assunto, parecia que havia descoberto um continente, ou achado um grande tesouro escondido. Isto é, o prazer da descoberta de se saber como é ser um pastor segundo o coração de Deus!

2.1 - UM POUCO DO CORAÇÃO DE DEUS

A) Amor. Voltemos à questão, quais são as principais coisas que há no coração de Deus. Ao relembrar do texto  “Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração” é Jeremias quem o escreve e isso já dissemos. Partindo dessa ideia lembrei-me que uma das mais lindas declarações do amor divino fora dada por Deus e escrita por Jeremias:  “Com amor eterno te amei; por isso, com benignidade te atraí”, Jr 33.3. Veja que esta declaração amorosa descreve a natureza desse amor: amor eterno e benigno. Um contraste tremendo com aqueles deuses luxurientos e violentos dos cultos às forças da natureza e da  fertilidade. Este é um Deus pessoal, criador e amoroso que deu seu Filho para a nossa salvação: “Deus amou o mundo de tal maneira, que deu seu Filho Unigênito para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna”, Jo 3.16.

B) Paz. Um outro aspecto daquilo que há no coração ou na mente de Deus que Jeremias descreve são seus pensamentos de paz: “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais”, Jr 29.11. Lá no mais íntimo do coração de Deus o que Ele mais deseja dar ao ser humano é paz. Uma paz construída com justiça e bom senso. Nos dias de Jeremias muito se falava de paz, mas de uma em que a justiça estava fora de cogitação, uma paz em que o próprio Deus não estava nela, pois as pessoas daquela geração queriam viver de acordo com seus próprios caprichos, violência e devassidão. Muitas pessoas atualmente vivem acometidas por uma arrogância pessoal e um narcismo tão intensos que acham que sabem o que é melhor para as suas vidas. Porém isso não passa coisa pueril, tais pessoas são como criancinhas teimosas que insistem em colocar o dedinho na tomada, o final disso é chocante e pode ser até trágico.

C) O Coração paterno de Deus é a última coisa que apresento aqui acerca do assunto em apreço. É perfeitamente possível a um estudante diligente das Escrituras achar mais coisas além dessas, entretanto intencionalmente escolhi essas três para não ficar tão grande o artigo. O coração de Deus é um coração paterno que ama,  por isso como Pai eterno ele cuida, alimenta, perdoa as iniquidades, sara as enfermidades, castiga e protege do mal a seus filhos. Muitos porém são ingratos e desonradores de seu Pai celestial, tornando a sua existência breve e insignificante, quando a sua existência deveria ser cheia de significado, alegre e eterna! É lamentável que nem todos tiveram a chance de ter um bom pai, e por isso transferem essa imagem para Deus, como se ELE fosse o responsável por aquele momento cruel, abusivo e violento que alguns sofreram. Nesse ponto o segredo é: Olhe para CRISTO,  somente para CRISTO e Ele se revelará a você e te surpreenderá como Pai eterno. Nele você encontrará consolo, descanso que a sua alma tanto anseia.

2.2 – PASTORES SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

Agora que temos uma ideia formada, ainda que sucinta  acerca do coração de Deus vejamos como é um homem chamado por Deus, um pastor segundo o coração de Deus. Alguns dos meus leitores, muito inteligentes como são, já fazem uma ideia do que falarei. Então, vamos lá. Os pastores ou líderes segundo o coração de Deus são imitadores dele: Amam o rebanho, ensinam a paz e o protegem além de outras coisas peculiares a um pastor. Todavia, há um grandioso segredo a mais que gera um resultado diferenciado e satisfação indizível num líder espiritual: UM CORAÇÃO QUE VIVE PARA AGRADAR A DEUS.

A) Vivem para agradá-lo. Há vários anos atrás eu e minha esposa acolhemos uma adolescente para morar conosco, achávamos ela um presente de Deus para as nossas vidas. Isso porque ela era muito prestativa e agradável nas coisas de casa e conosco. Quantas vezes eu estava estudando a Bíblia ou escrevendo alguma coisa e ela me oferecia, água, café ou alguma outra coisa. Graças a Deus hoje ela está casada, trabalha e serve fielmente ao Senhor Jesus Cristo. Essa busca por agradar, não por medo mas por respeito me despertava admiração. Sei que ocorre o mesmo em relação a Deus como Pai. Um verdadeiro cristão e líder espiritual deve viver assim, isto é, viver para agradar a Deus como seu PAI.
Lembro-me que em um de meus aniversários meus filhos, ainda que com pouco dinheiro, se reuniram para comprar uma lembrança para mim. Confesso que não fiquei tanto tocado pela lembrança que me deram, porém quando refleti acerca do sacrifício que fizeram para me agradar, fiquei emocionado. Nas Escrituras Sagradas Davi é lembrado como um homem segundo o coração de Deus. O que o fez digno de tal menção? Sei que alguns dirão, a adoração, outros a obediência, outros a compaixão pelos seus semelhantes etc. Todavia, o que fez Davi um homem segundo o coração de Deus FOI VIVER PARA AGRADAR A DEUS COMO UM PAI.

B) Vivem para agradá-lo honrando-o. O mandamento divino diz: “Honra a teu pai e a tua mãe...” e o mesmo se aplica a Deus como Pai celestial. Quando nos dias de Jeremias os idólatras chamavam os ídolos de Pai, aquilo representava uma tamanha desonra e afronta a Deus. Essa postura foi denunciada e criticada pelo profeta Jeremias que escreveu: “que dizem a um pedaço de madeira: Tu és meu pai; e à pedra: Tu me geraste. Pois me viraram as costas e não o rosto; mas, em vindo a angústia, dizem: Levanta-te e livra-nos”, Jr 2.27. Agora veja o oposto disso acerca de Davi: “Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade”, At 13.22. Note que Davi é mencionado como alguém que viverá para fazer toda a vontade de Deus. Ele é mencionado também como um servo-líder que apascentou o rebanho de Deus com toda a integridade de coração, Sl 78.70-72.
Observe que Davi de fato só vivia para agradar a Deus, ainda que alguns estendam o seu dedo contra ele e o condenem, dizendo: Mas Davi teve um caso com Bate-Seba e enviou seu marido para a morte etc. Claro que esse foi um deslize seríssimo que lhe impôs severo castigo, a sua família e a sua nação. Entretanto, ainda assim como o ponteiro de uma bússola volta sempre para o norte, semelhantemente Davi se arrependeu e voltou a servir a Deus com sinceridade. Acerca dele também foi escrito: “Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus e a rocha da minha salvação”, Sl 89.26.

Conclusão:

Um pastor segundo o coração de Deus é portanto alguém que vive somente para agradá-lo, como um filho que ama, obedece e honra a seu pai com toda a dedicação. Imagine você um filho que tudo faz de coração para agradar a seus pais, por exemplo: É aplicado nos estudo, ajuda nas tarefas de casa, chega na hora estabelecida, não discute ordens etc. Tais pais se sentirão muito orgulhosos e honrados. O que esses pais farão por esse filho? Evidentemente, tudo o que estiver ao alcance deles. Vede que o Davi, como salmista escreveu um sábio conselho: “Agrada-te do Senhor, e ele satisfará os desejos do teu coração”, Sl 37.4. Davi era pobre, de uma família sem projeção, mas porque o seu coração ardia em agradar a Deus com todas as veras, com toda intensidade, com todo o bom senso tornou-se rei em Israel. Enfim, tudo se torna possível quando um homem entrega totalmente o seu caminho ao Senhor e confia nele, quando vive exclusivamente para agradá-lo.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

PASTORES DO CORAÇÃO DE DEUS PARA O SEUS


HÁ VAGAS PARA PASTORES - II

Anteriormente dissemos que Deus prometera dar líderes especiais para o seu povo, i.e., dar pastores.  Todavia, era necessário haver um ajuste nas engrenagens. O povo de Deus daquela época, os judeus, caminhara para longe demais do Deus da aliança, Javé:  “Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas”. Jr 2.13. Apesar da apostasia a generosidade divina não estava bloqueada, apesar do afastamento do povo Deus não tinha fechado as suas mãos para abençoar o seu povo com bons líderes. Era, porém necessário que eles se voltassem para Deus e se qualificassem para receber suas bênçãos.
É interessante que há certas coisas e pessoas que Deus deseja nos dar e liberar em favor das nossas vidas, mas se recebêssemos na condição que nos encontramos desperdiçaríamos tais bênçãos. Possivelmente não seríamos gratos, nem reconheceríamos como uma bênção vinda da parte dele. Isso significa que estamos desqualificados perante Deus. Note que reis, sacerdotes e profetas piedosos, santos e comprometidos eram enviados, porém eles os desprezaram e os maltrataram, 2Cr 36.15. Por esse motivo, na maioria das vezes, Deus prefere esperar a nossa conversão sincera a Ele e aguarda o nosso amadurecimento acontecer, para então nos enviar CERTOS presentes.
Atualmente, se percebe um grande interesse em abrir novas igrejas, há certo fascínio em alguns obreiros em iniciarem ministérios próprios pelo fato de terem algum tempo de convertido, de pregarem bem ou de possuírem algum diploma teológico. Se se juntar tudo isso e alguma coisa mais, porém se não houver um chamado específico de Deus para tal pessoa, tudo o que se fizer se dará em nada ou quase nada. Alguns imaginam que há grande satisfação por trás do status e renda de alguns pastores, ignoram, porém que há o outro lado da moeda, o lado chato e amargo do ofício que muitos se pudessem como Jonas fugiriam para bem longe.
Um homem chamado por Deus se realizará no seu ministério mesmo nas condições contrárias e desfavoráveis. Isso sucederá por que ele estará equipado com a graça e o consolo divino especiais, o que surpreenderá os seus antagônicos. Logicamente, estamos falando de alguém amadurecido, paciente e resignado nas adversidades. Na verdade um obreiro chamado por Deus deleitar-se-á em suas vicissitudes, 2Co 12.10. Quantos pastores eu pude conhecer que trabalhavam ganhando bem pouco, outros nada ganhavam, mas mesmo assim eles não desistiram do ministério. Quantos foram vítimas de ingratidões e maus tratos, contudo, levavam a cabo a sua missão, por amor a Jesus Cristo.
Muitos daqueles que vêem um pastor pregando e ouvem a vibração do povo a glorificar a Deus, não conhecem o lado solitário e resignado de um líder espiritual, suas privações e carências. A família de um pastor costuma pagar um elevado preço em função de seu ministério. A esposa do pastor é a mulher sem nome e os seus filhos são duramente cobrados como se fossem perfeitos. É claro que estamos nos referindo a homens autênticos, bíblicos que são verdadeiros agentes de transição onde se encontram plantados por Deus. Tais homens são dádivas de Deus ignoradas ou jamais reconhecidas, senão quando vão embora para assumir outro rebanho.
O  autor está no ministério eclesiástico desde 1993 e descreve essas realidades para que aqueles que supõem ter uma chamada possam avaliar profundamente a questão. Em caso de dúvidas é prudente que permaneçam na sua profissão e entendam que mesmo ali eles serão produtivos no Reino de Deus, caso orem e busquem isso. Por outro lado a grande marca de um líder espiritual é oferecer-se como exemplo, para que esse modelo possa interiorizar-se nos seus ouvintes. Outra grande marca de um líder é a paciência e o desenvolvimento do discipulado, ele deve se ver não como um convertedor de almas, nem como um atacadista do Reino celestial e sim como um pai que instrui seus filhos sempre, um discipulador.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

HÁ VAGAS PARA PASTORES - I



15 Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência. [1]

O líder religioso protestante é denominado pastor, curiosamente a palavra líder procede para palavra inglesa “leader” que significa alguém que guia ou conduz, pastor. O ofício milenar de cuidar das ovelhas alcançou conotações interessantes ao longo dos tempos:  Religioso, em que o Deus Criador é visto como tal em relação aos seus adoradores, seguidores e fiéis; outra conotação é a de liderança política, em que os reis da antiguidade e demais anciãos são identificados como pastores. Por isso simbolicamente tais reis utilizavam varas ou cetros e cajados especialmente confeccionados  para lembrarem-se da sua autoridade em relação ao povo e as colheitas. Tanto os faraós quanto os reis do Oriente Médio, inclusive os do Reino Sul de Israel ostentavam a figura pastoral simbolicamente.
Nos dias do profeta Jeremias, por volta de 626[2] a.C. quando fazia pouquíssimo tempo que havia falecido o Rei Josias, havia uma forte crise de liderança no Reino de Judá. É claro que havia politicamente homens de larga visão, bem informados e dotados, mas que não percebiam que a nação estava sendo levada por uma onda que tragaria a todos. O principal problema estava relacionado com a promiscuidade que reinava em todas as relações operando um enfraquecimento total da nação. Havia um afrouxamento nas relações humanas e uma apostasia em grande escala daqueles que se declaravam servir a Deus. Mas que no cair da tarde procuravam os lugares público de adoração aos deuses da fertilidade (Baal e Istar).
Nesses lugares altos havia mulheres e principalmente os prostitutos cultuais que eram procurados ao anoitecer para a prática da devassidão. Essa imagem não nos faz lembrar ruas semi-escuras impregnadas de prostitutas e travestis dos nossos dias? A diferença é que àqueles usavam além do vinho motivos religiosos pagãos para a prática da devassidão. Consequentemente havia muitos abortos e crianças eram horrivelmente assassinadas noutro culto a Moloque (hb. Molek[3]). Essas crianças que vinham ao mundo como fruto da promiscuidade, sem qualquer culpa na maioria das vezes eram queimadas no vale de Hinon. Se pensarmos que isso acontecia apenas em Judá é pueril engano, pois aquilo era comum no mundo antigo.
Lamentavelmente, a maioria do povo de Javé havia apostatado da fé por causa das pressões espirituais da própria época. Somada a essas coisas havia uma falta de liderança religiosa e política total, pois raros e mui raros eram as pessoas e famílias que tinham força para nadarem contra a correnteza pagã. Aliás, os dois tipos de liderança estavam intimamente ligadas, visto que eram inseparáveis, assim os sacerdotes se encurvavam a política e a tendência do povo naquele momento, de maneira que o culto a Javé não passava de mera formalidade. Assim foram os dias de Jeremias que antecederam a tomada de Jerusalém e o exílio dos nobres de Judá em Babilônia.
Jeremias e possivelmente alguns outros profetas leais a Javé protestaram contra aquela situação, que bem eles sabiam onde acabaria. A mensagem de Deus para Judá era de conversão sincera e o abandono de todas aquelas práticas a fim de que eles tivessem paz, Jr 29.11. Caso eles se voltassem para Deus, Ele lhes daria líderes especiais “pastores”.


[1]Sociedade Bíblica do Brasil: Almeida Revista E Atualizada - Com Números De Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, 2003; 2005, S. Jr 3:16
[2] O Novo Dicionário da Bíblia, SHEDD, R. P. Edições Vida Nova, São Paulo SP. 1991 (verbete Jeremias, p. 794).
[3] Strong, James ; Sociedade Bíblica do Brasil: Léxico Hebraico, Aramaico E Grego De Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005, S. H4432