(A descortesia pública)
No sábado a noite recebi a visita de um primo que
me pediu para levar sua filhinha na Unidade de Pronto Atendimento da Maré, ela
tomara um tombo e batera com a testa no chão ficando um calombo no lugar. A menina
brincando com a sua irmã gêmea empurrou-a e foi essa a causa de sua contusão.
Como eles não têm carro me pediram para conduzi-los. E como sou pai e tivemos
quatro filhos eu sei o que é isso, então levei-os lá.
Ao chegarmos
na UPA não tinha pediatra e os funcionários do atendimento recomendaram-nos que
fôssemos no hospital da prefeitura na portuguesa. Os pais queriam que o clínico
ao menos desse uma olhada, mas eles insistiram que levassem a criança lá. Assim
partimos para lá.
Passava das 22 horas quando lá chegamos, um hospital
bonito e muito moderno. Achei estranho o ar de delegado para os que passavam
pela portaria do segurança. Quando o casal atravessou a porta, o pai que
acompanhava a mãe da pequena foi abordado em tom ácido e olhando com cara de
xerife:
– Ei, você, vai aonde? Em tom grosseiro perguntou o
segurança que estava à entrada.
– Estou trazendo a minha filha para uma consulta
com a minha mulher. Respondeu o pai.
– Só pode acompanhar um. Disse o guarda pausada e
rispidamente, e o pai da criança ficou do lado de fora.
Olhando aquela cena fiquei chateado, pois ele
poderia ter dito a mesma coisa de maneira diferente. Pensei comigo: Por que
esse cara escolheu uma profissão dessas se não sabe tratar as pessoas, ou não
gosta do público? Talvez ele esteja falando assim porque o rapaz não esteja bem
vestido e ainda está de boné.
Liguei para minha esposa comunicando-a que estava
naquele hospital. Ela disse que ele era bom e que teriam atendimento rápido.
Enquanto isso, o pai da menina fora procurar um banheiro para urinar, em
seguida ele volta dizendo que não conseguiu ir ao banheiro. Tinha alguém lá
dentro que não saía de jeito nenhum. Então, saímos a procurar um banheiro,
enfim ele viu um MacDonalds e teve aquela brilhante e maravilhosa ideia: Vou
lá! É de graça e o banheiro é bom! E aí ele resolveu esse seu problema. Fica a
pergunta: Só tinha aquele banheiro para atender o público do hospital? E ainda
por cima, trancado.
Volta a mãe com a menina no colo em tom queixoso, e
narra seu diálogo com a doutora que lhe atendeu:
– A doutora me perguntou o que aconteceu, e eu lhe
expliquei que a irmãzinha dela lhe empurrou de cima da estante e ela caiu de
testa no chão.
– Onde estava a mãe dessa criança nessa hora? Mãe,
você deixou isso acontecer agora vai querer ficar aqui até amanhã? Pois ela
deverá permanecer para observação. Falou a doutora rispidamente.
– Mas a
senhora pode pedir para tirar uma chapa da cabeça da menina e ver se está tudo
bem. Ponderou a mãe.
– Agora que você deixou isso acontecer, o mais
correto é observá-la até amanhã. Bem, se quiser ficar no hospital tudo bem, se
não quiser e ir embora vou considerar que nem ao menos teve aqui. Dizia a
médica tentando decidir a situação logo.
Tudo foi muito rápido e frustrante. Ficamos ali
discutindo o motivo daquela falta de sensibilidade por parte daqueles
profissionais: Do porteiro à médica. Como a menina estava esperta, sem dor e
nem havia vomitado, assim os pais resolveram voltar para casa pesarosos de não
terem um bom atendimento. Mas ao contrário, um tom ameaçador e punitivo até.
É lamentável, pois parece que encontramos pessoas muito infelizes por onde passamos lidando com o público. Elas muitas das vezes suportam por falta de opção, por não conhecerem seus direitos ou até com medo, devido ao "clima". de acontecer algo pior. Meu desejo é que pelo menos em nossas igrejas o povo encontre um interesse real por suas vidas e problemas e pessoas vocacionadas para lidar com gente!!
ResponderExcluirPastora Noemy
Obrigado pelo comentário. Concordo, precisamos de pessoas vocacionadas para lidar com gente. Pura verdade.
Excluir