sexta-feira, 27 de julho de 2012

ENCHAM-SE DO ESPÍRITO DE DEUS



Ef 5:18 - E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito;

Nos tempos de Jesus Cristo e de Paulo havia um problema muito comum, a embriaguez. Entre os pagãos era prática corrente reunirem-se em ocasiões festivas ou no culto a Baco (grego) ou Dionísio (latino), o deus do vinho. Essas reuniões eram encontros licenciosos em que havia orgias. Entre os romanos em seus festins o vinho era diluído em água conforme o ânimo dos festejadores. Pois alguns convidados ficavam tão completamente embriagados que estrupavam as criadas ali mesmo.
Pela dimensão de Eféso, a segunda maior cidade do Imperio Romano depois de Roma, provavelmente essas coisas aconteciam com frequência. Daí o mandamento “não vos embriagueis com vinho”. É claro que com qualquer outra coisa também. Mas porque essa recomendação? Por causa do que ela produzia, i.e., as contendas. Pensemos por um pouco, uma ancila sendo estrupada por um dos convidados, aquilo em algum momento trazia contendas e brigas. Não era um ambiente assim que Deus gostaria que fosse reproduzido, afinal aquela era uma assembléia cristã.
A palavra asotia que é traduzida como contenda (ARC Fiel), e como dissolução (ARA) o seu sentido vai bem mais além do que contenda. Significa vida dissoluta, perversão de costumes, vida descontrolada, devassidão, desperdício, prodigalidade. E também, aquilo que se dissolve, dissolvência. A asotia não reflete a vontade de Deus e nem glorifica o seu nome, pois ela apenas dissolve e prodigaliza a vida.
Ao contrário disso, os cristãos deveriam ser cheios do Espírito Santo. Paulo não explica o que isso é, e daí se concluir que aqueles crentes já sabiam o que era ser cheio do Espírito Santo. A ideia de ser cheio do Espírito procede da promessa do derramamento do Espírito Santo em Joel, Jl 2.28,29; At 2.14-18. Havia alguma semelhança entre o ser cheio do Espírito Santo e o estar embriagado, pois no dia de Pentecostes os discípulos foram confundidos com bêbados, Ef 2.13.
A grande diferença entre os crentes cheios do Espírito e os ébrios dos festins de Baco está no resultado. O resultado dos festins estava na dissolução, contendas e prodigalidade que aqueles encontros produziam. Enquanto que nas festas cristãs chamadas de [1]festas de caridade (ágape - 2Pe 2.13; Jd 12.), o resultado era a respeitabilidade entre os irmãos. E, sobretudo, a capacidade de reproduzir Jesus por meio da vida deles. 
Nos banquetes de amor os crentes comiam, bebiam e cultuavam a Deus e depois ficavam cheios de vigor espiritual. É claro que houve momento em que, por exemplo, na igreja de Corinto os crentes foram repreendidos pela desorganização, exclusivismo e embriaguez de alguns, 1Co 11.17-21. Porém o propósito era que fossem cheios do Espírito para que pudessem reproduzir Jesus. Ou melhor, que Jesus vivesse através deles. Posto que o Espírito Santo não fale e nem testifica de si mesmo, porém de Jesus Cristo. Logo quem está cheio do Espírito, está cheio de Cristo, Jo 15.26-27; 16.12-15.




[1] Os banquetes de amor não duraram muito na Igreja, foram até o século VI quando por meio de concílios foram eliminados. Sobre o assunto consulte: White, James F. Introdução ao Culto Cristão. São Leopoldo – RS. Editora Sinodal. 1997.p.180.

Nenhum comentário:

Postar um comentário