quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

VOCÊ APRENDEU A DISCIPLINAR A SEU FILHO?

(1ª PARTE)

Certa mãe me procurou para um aconselhamento pastoral, seu assunto era no tocante a aplicação de disciplina nos filhos. Assunto, na minha experiência difícil de ser abordado pelos pais a um pastor.
Essa mãe me disse: Não estou sabendo disciplinar meus dois filhos, estou me achando muito dura com eles, o que faço?
– Como assim, muito dura com eles? Perguntei-lhe para que ela me desse mais detalhes.
– É que toda vez que meus filhos fazem alguma coisa errada eu bato neles, isso está me deixando intranquila, porque não sei outra maneira de corrigi-los. Desabafava aquela mãe preocupada com a limitação de seu método corretivo e doloroso até. Foi ali que tive a grata satisfação de ajudar aquela senhora sugerindo-lhe diferentes maneiras de disciplinar seus filhos. Que é o assunto que trato neste artigo.

A intenção da disciplina

Recordo bem que ao conversar com aquela senhora eu lhe disse que a correção dos filhos deve ter sempre como objetivo o ensino deles. Lembrei-me de uma declaração de certo delegado ao falar sobre o assunto. Para ele os pais são como copos e os filhos como água, assim os pais são agentes de delimitação dos filhos, e caso isso não aconteça os filhos como água se perdem socialmente. Devemos entender que transgressão é ir além do limite estabelecido. Quando isso acontece o filho torna-se passível a correção.
Uma coisa que disse aquela mãe é que ela nunca deveria bater em seus filhos em momento de raiva, muito menos sem lhes dizer o motivo. A aplicação da disciplina não deve ser feita com raiva porque ela não é vingança ou mera demonstração de quem manda, mas de aprendizado e de amor.  Outra coisa que considero importante é que os pais sempre se lembrem que um dia foram crianças, que falharam com seus pais e que ainda hoje falham com o pai celestial. A intenção da disciplina, portanto deve ser a melhor possível.

Níveis de disciplinas

A Bíblia Sagrada é um livro precioso e deve ser bem compreendido neste particular. Ao olharmos em suas páginas nos maravilhamos da sabedoria exposta ali para o nosso ensino e consolação. Nela encontramos diferentes níveis de disciplinas aplicadas a mais diferente transgressão basta olhar para os Livros de Levíticos, Deuteronômio e o Novo Testamento. Eles estão fartos de exemplos desse mesmo princípio.
Hoje nós presenciamos na nossa legislação penal com o mesmo princípio de proporcionalidade da pena no tocante a infração. Por exemplo, há o crime doloso e o culposo em que há a maquinação, intenção má e o culposo que não houve intenção, mas aconteceu por negligência ou ignorância.
Na educação dos filhos os pais devem procurar ser justos, ainda que em algum momento falhem. Não devem deixar as crianças sem esse direito e nem dele abusar. Assim os pais devem entender que a criança normal em algum momento falhará, por exemplo, será negligente com alguma coisa não quererá ir ao colégio, colocará o dedo na tomada depois de ensinado (a) a não fazer isso, não querer tomar banho, se recusar nas tarefas da casa etc.

Diferentes tipos de disciplinas

O coração dos pais devem amar o suficiente os seus filhos para discipliná-los a medida que precisar com todo o cuidado. Lamentavelmente, há pais que não tiveram um lar com disciplina equilibrada e esses maus tratos de alguma maneira acabam sendo transferidos para os filhos. Todavia devemos ter prudência com essa realidade, pois embora deva ser compreendida ela acaba sempre transferindo a culpa para os outros. Lembremos, as pessoas tem a capacidade de escolha, mesmo aquelas que sofreram maus tratos, há muitas que resolveram ser diferentes. Essa mãe que falei acima é uma delas. Agora vejamos alguns tipos de disciplinas:

  1. Admoestação. É uma branda repreensão, trata-se de uma advertência dada em tom de ensino, de conselho. Os pais jamais devem se dirigir aos filhos sem em tom irritadiço, com xingamentos e humilhações aos filhos. Eles tem coração e também ficam desanimados e irados. As vezes os pais acabam produzindo irritação nos filhos. A Bíblia diz o seguinte: “E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor”. Ef 6.4. Observe que Paulo também diz coisa semelhante ao cristãos de Colossos “Pais, não irriteis os vossos filhos, para que não fiquem desanimados”, Cl 3.21. veja também, Pv 4.10, 4.20; 5.7.
  2. Exortação. É o ato de advertir, essa disciplina é muito parecida com a anterior e até se confunde com ela em alguns momentos. Embora seja num tom brando também ela é mais persuasiva na fala. O próprio Pai celestial se utiliza muitas vezes desse tom exortativos aos seus filhos nos livros proféticos. Paulo utilizando-se da exortação diz o seguinte: “Assim como bem sabeis de que modo vos exortávamos e consolávamos, a cada um de vós, como o pai a seus filhos, 1Ts 2.11. Observe o contexto maravilhoso de um pai ilustrado por Paulo: Ele foi exemplo para seus filhos, 1Ts 2.10; exortava a seus filhos que se conduzissem dignamente diante de Deus, 1Ts 2.11; elogiou a recepção deles em relação a sua exortação, 1Ts 2.13 etc.
  3. Repreensão. É o ato de censurar com palavras, aqui a palavra não é mais branda. A fala branda ocorreu num primeiro e segundo momento, agora a palavra é severa e enérgica. Mas lembre-se sem humilhações e xingamentos, o que seria um abuso de autoridade. Infelizmente parece que muitos pais pulam as etapas acima no relacionamento com seus filhos. Quer dizer, sempre repreendendo-os e falando ríspido com eles. Observe que tanto a repreensão quanto as disciplinas acima tem uma visão pedagógica, o estabelecimento e a manutenção da ordem no lar. Um exemplo de repreensão encontra-se no próprio Deus que diz: “Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo- poderoso”, 2Co 6.17-18.
  4. Castigo físico. Embora o castigo físico seja recomendado pelo Antigo e Novo Testamento, nunca deixou de ter as suas recomendações contra os possíveis abusos, Pv 23.13. Mesmo as marcas deixadas segundo a cultura daquela época eram coisas bem vistas e até uma prova da dedicação e amor dos pais, Pv 27.6. Mas, infelizmente, houve muito abuso ao longo dos anos citando tais palavras das Escrituras. As palmadas no bumbum jamais deveria ser algo diário e constante, levando-se em consideração que há tantas outras medidas disciplinadoras dos filhos. O correto é que tais medidas jamais devem deixar marcas humilhantes para as crianças e que demonstrem própria falta de equilíbrio dos pais. Não resta dúvida que há aqueles que tomam medidas sórdidas em nome da honra, da justiça e da boa ordem no lar a ponto de surrarem, espancarem seus filhos deixando-os profundamente ressentidos, feridos no corpo e na alma. Hoje li uma coisa trágica, uma mãe que queimou a palma da mão de uma filha. Os médicos é que contem as maiores barbaridades cometidas por pais que machucam, quebram ossos, queimam etc dos filhos de pacientes. Por isso que se baixou essa lei, chamada Lei da Palmatória por causa desses abusos. Pessoas cujas casas são casas dos horrores, da intimidação, das pancadas etc.
CONCLUSÃO

Evidentemente, que nos tempos bíblicos havia outras formas alternativas de disciplina dos filhos. Parecidas a que os pais aplicam hoje, essas medidas disciplinadoras devem ser aplicadas no tempo certo da educação dos filhos, entre seis e sete anos. Ou como diz Provérbios, enquanto há esperança, Pv 19.18. No próximo artigo falarei ainda mais das medidas disciplinadoras dos filhos. Querido pai e mãe, espero que tenha lhe ajudado de alguma maneira na sua missão.

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