quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Divórcio - A internet e as redes sociais no banco dos réus - 2ª PARTE

QUEM SÃO OS VERDADEIROS VILÕES DO CASAMENTO?


Na semana passada escrevi sobre a A internet e redes sociais no banco dos réus. Nele vimos o poder que as redes sociais possuem de dar visibilidade aos indivíduos que antigamente não tinham qualquer chance disso. Entretanto essa mesma ferramenta quando mal utilizada torna-se perigosa e até destrutiva do seu próprio casamento. Você pode ler o artigo na íntegra. No artigo atual discorro sobre os verdadeiros e principais vilões de um casamento que são a falta de muita coisa: Falta de honestidade consigo mesmo, falta de um casamento contraído em Deus desde o início, falta de preparo pré-nupcial, falta de preparo emocional (o que é visível pela falta de maturidade em cada um dos consortes), falta de empenho para satisfação das carências emocionais do parceiro, e finalmente, a falta de uma consciência tranquila.

No que tange a vida matrimonial precisamos encarar a verdade dos fatos de frente. Não é responsabilizando aos outros e a sociedade o tempo todo que nos tornaremos melhores. Chega o momento em que temos que ter um encontro conosco mesmo. Outro problema é que sempre queremos corrigir o nosso cônjuge e esquecemos dos nossos próprios erros e defeitos. O próprio Senhor Jesus falou a respeito disso, “Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão”, Mt 7.5.


ENCARANDO OS FATOS DE FRENTE

No início do meu casamento com a Noemy eu não a entendia em muitos aspectos, procurava me dedicar ao meu trabalho e a leitura quando chegava em casa. Isso a deixava carente emocional e fisicamente, consequentemente muito chateada comigo. Ela então certa noite resolveu sair para lanchar com seu pai e contar as minhas mazelas a ele. Todavia, ele sabiamente lhe disse: minha filha reconhece os teus próprios erros. Por essa ela não esperava. É Claro que essa é uma parte bem difícil, que se for resolvida teremos êxito matrimonial, mas isso não é fácil não.

Lembremos da história do índio que estava comendo um fruto da floresta estragado e o missionário aconselhou-lhe que não fizesse isso, pois ali tinha muitos bichinhos bem pequenos que poderiam adoecer o seu corpo, mas mesmo assim o índio continuava a comer frutas estragadas. Certo dia o missionário mostrou ao índio através de um pequeno microscópio os tais bichinhos, o índio não gostou nada daquilo. Tomou o pequeno microscópio lançou-o no chão e disse, “não gosto desse aparelho” e saiu andando. Afinal, não é assim que muitos agem?! Todavia, minha esposa veio humildemente e me contou que estivera com seu pai e me pediu desculpas pela sua intransigência e incessantes cobranças. Me lembro que nos concertamos, entre nós e a partir dali experimentamos não só um melhoramento, mas fomos abençoados em muitas decisões que precisamos tomar envolvendo outras áreas da nossa vida.

Quando tomamos a iniciativa de agradar incondicionalmente o nosso cônjuge é uma forma de negar a nós mesmos. Assim ao tomar a iniciativa de um diálogo deve evitar palavras que se desviem do verdadeiro propósito de melhora e cura de um relacionamento. Para isso se deve evitar palavras que despertem discussões inúteis, palavras condenatórias etc.


NO PRINCÍPIO, UM CASAMENTO “FEITO NO CÉU”.

Voltemos ao princípio de um relacionamento matrimonial. Como será que escolhemos uma pessoa para com ela convivermos o resto da nossa vida? Quais foram as motivações que nos levaram a nos unir com essa pessoa? Essas são perguntas que deveriam ter sido feitas quando a pessoa estava prestes a contrair um relacionamento, cujo projeto divino é durar “até que a morte os separe”. Será que procuramos saber a vontade de Deus? Investigamos o que está Escrito na Bíblia sobre esse assunto? Sondamos a opinião de nossos pais e verdadeiros amigos? Muito possivelmente que nada disso tenha acontecido. Quando assim agimos essa é uma forma de nos preparar para o casamento também.

Há várias igrejas que dão cursos pré-matrimoniais e isso também ajuda. Esse princípio em Deus e na sua vontade é sinceramente o esteio para que muitos casamentos se mantenham, pois um genuíno servo de Deus sondará a sua vontade neste particular. Se bem que, neste particular as Escrituras são bem liberais, para casarem-se com quem quiser, “contanto que seja no Senhor”, 1Co 7.39. Esse casamento no Senhor é que os solteiros devem buscar para viver a dois. Escolhendo apenas entre aqueles que servem a Deus, o contrário disso é jugo desigual.

O jugo era um aparelho colocado sobre dois animais da mesma espécie, por exemplo, dois bois para arar a terra. Interessante que mesmo a Lei mosaica previa que na aragem do campo não deveria haver jugo desigual, até por que não há lógica e nem rendimento, Dt 22.10. Quando um fiel busca se casar com um infiel está se metendo debaixo de um jugo desigual e isso será perigoso para a própria pessoa e os filhos que se constituirão a partir desse relacionamento, pois não haverá uma busca harmônica a partir do casal.

Para aqueles que depois de casados tornaram-se crentes em Jesus Cristo, mas tem o seu cônjuge descrente, não devem pensar em largar o seu casamento por questões religiosas, 1Co 7.12. Pois, o descrente é santificado e abençoado pela convivência com aquele (a) que serve ao Senhor, 1Co 7.14. Ainda assim, os filhos desse casamento terão a benção de Deus, eles tornam-se santos. Maravilha isso, não é mesmo?

Porém, quando o inicio de um casamento não é levado a Deus e nele é construído segundo os sábios conselhos de sua Palavra, os cônjuges não tem força para lutar por esse casamento até a última gota de sangue. Um casamento “feito no céu”, é mais fácil de ser mantido ao longo de uma existência. Caso seu casamento não tenha acontecido sob esses critérios, Deus jamais abandonará você a sua própria sorte por isso. Ele é misericordioso e lhe ajudará a concertar aquilo que precisa de acerto, tão somente o busque de todo o coração humildemente. Creia e crendo você achará a solução para a sua vida matrimonial.


FALTA DE PREPARO PARA O CASAMENTO


O preparo para o casamento é de fundamental importância, não me refiro aqui aos preparativos de festas, convidados, comes e bebes. Mas o preparo para a vida em comum do casal. Há aspectos que devem ser conversados na época do namoro e noivado, acertos que devem ser feitos no plano relacional. Aliás, o namoro e noivado foram criados socialmente para o conhecimento mútuo do casal, visando como uma maneira de preparação. Como cristãos esse conhecimento não dá direito a iniciação sexual e é até por isso que o casamento não deve demorar a acontecer.

Quantos casos há que depois do casal se relacionar sexualmente o noivado se desfez? Há também aquela insegurança e mesmo desconfiança gerada do tipo: se ele (a) não se conteve antes de se casar comigo será que vai ser fiel a mim agora que está casado(a)? Há ainda aquele esfriamento sexual experimentado por muitos após o casamento, pois ao se relacionarem antes acabaram por abrir porta a demônios de prostituição para entrarem na convivência do casal. O problema mais sério aí é a dificuldade de arrependimento por ter praticado algo prazeroso, e essa falta de arrependimento abala tanto o matrimônio quanto o relacionamento com Deus impedindo de ter um conhecimento mais profundo dele, Os 3.5.

O diálogo nessa fase é imprescindível, principalmente no noivado em que se declara abertamente a intenção de casamento. Nessa fase se deve conversar sobre como pretendem gastar o tempo, como ganharão e aplicarão o dinheiro, como criarão os filhos ou terminarão os estudos, como se ajudarão mutuamente nas tarefas de casa (caso a mulher trabalhe fora), sexo, etc. Dizer essas coisas para alguns chega a ser desnecessário, mas para outros com certeza nunca ouviram falar disso. Sem querer ser orgulhoso, a minha própria experiência já me confirmou isso muitas vezes. Poucos, bem poucos casais de noivos conversam sobre essas coisas tão fundamentais.


PACOTE EMOCIONAL COMPLETO


Cada qual dos cônjuges através do casamento estará levando para casa, para dentro de sua convivência uma pessoa completa. Nessa bagagem nem tudo será bom, pois cada um tem os seus medos, traumas, enfermidades psicológicas, carências, etc. E é aí que a vida a dois passa pelas mais duras provas.

Quando casei com Noemy éramos bem novos, eu tinha vinte anos e ela dezesseis. Por sermos tão novos sofremos por muitas coisas no campo emocional. Jamais pensei em ser injusto ou tirano com minha esposa, afinal nada me obrigou a casar com ela senão a minha própria vontade e o fato de eu amá-la. Todavia, quando casamos levamos a nossa educação conosco. Assim eu nem percebia o quanto ela ficava carente de atenção, se bem que por ela eu ficaria o dia todo ao seu dispor. Como nunca acordávamos um tempo para isso o problema foi piorando. Por esse motivo ela quase sempre ia passear na casa de seus pais e aquilo me irava muito, pois quase sempre eu tinha de interromper o que estava fazendo para ir buscá-la. Até que um dia fizemos um acordo e assim ela parou de ir frequentemente para a casa de seus pais e eu passei a lhe dar mais atenção. Nessa época eu tive uma ideia, sempre ler para ela alguma coisa que eu estivesse lendo e que achasse interessante, e assim eu fiz. Enquanto ela lavava a louça ou fizesse alguma outra coisa.

Contudo, reconheço que por causa da minha criação agi com muita rudeza com ela. Nunca a agredi fisicamente, mas deixava de fazer pequenas gentilezas inclusive quando ela não estava passando bem. Eram coisas bobas para mim, mas que para ela cujo pai lhe deu todo o mimo, a ofendia profundamente. Por exemplo, quando eu não lhe apanhava um copo com água para tomar um comprimido, ou me recusava a ajudar numa pequena tarefa em casa. Eu queria que ela fosse forte como eu, assim tratava-a como se ela fosse um homem.

Lembro-me que quando ela ficou gestante ela sempre me pedia para que eu comprasse cachorro quente, muitas vezes eu fui altas horas comprar o tal. Mais houve uma vez em que eu estava dormindo e muito cansado e aí ela me acordou e me pediu que eu fosse comprar o cachorro quente que ela tanto gostava. Eu simplesmente disse que não ia, pois já eram duas da madrugada. Então ela ficou chorando e chorando. Hoje eu entendo que toda aquela carência emocional também estava ligada a sua gestação e com certeza eu compraria o cachorro quente para ela.

Acho que provei para mim mesmo que tinha mudado de atitude quando minha esposa teve síndrome do pânico. Nessa fase ela ficou muito fragilizada, chorava facilmente e perdia o sono. Muitas vezes orávamos juntos, várias vezes eu fiquei acordado a noite toda com ela e pedi a compreensão e ajuda dos meus filhos. Enfim, eles compreenderam e todos nos juntamos e lhe ajudamos até que ela foi curada complemente para a glória de Deus.



CARÊNCIAS EMOCIONAIS


Gosto muito da maneira como Gary Chapman trata esse assunto. Chapman diz que todos nós temos um tanque emocional que volta e meia precisa ser enchido, mas que devemos entender o combustível emocional certo que cada um precisa. Esse combustível emocional tem uma linguagem própria que precisa ser correspondido. Creio, sinceramente, que esse conselheiro matrimonial teve uma epifania divina para escrever acerca desse assunto em seu livro: As cinco linguagens do amor.

Neste livro Chapman apresenta as cinco necessidades emocionais que o ser humano tem. Essas necessidades ele chama de linguagens e são elas:

  • Palavras de afirmação em que alguns sentem a necessidade que o seu consorte o elogie sinceramente naquilo que ele faz, a sua beleza, etc.

  • Qualidade de tempo, isto é, dar atenção com qualidade sem dividir com outra coisa, exemplo, enquanto um fala o outro está vendo televisão, ou no computador ou outra coisa.

  • Receber presentes, alguns gostam de receber presentes e se sentem profundamente amados quando isso acontece. Não significa dar presentes caros, trata-se apenas de uma expressão de amor para quem recebe.

  • Formas de servir. Quer dizer, é fazer aquilo que seu cônjuge gostaria que você fizesse, ajudar nalguma tarefa da casa, o próprio Jesus foi um modelo de servir.

  • Toque físico. Um gostoso cafuné, andar de mãos dadas, abraços apertados ou não, relações sexuais, tudo isso faz parte das necessidades de quem possui o “toque físico” como sua primeira linguagem do amor.

O resumo acima é apenas para dar um gostinho prévio do que o livro traz, recomendo a sua leitura insistentemente. Todavia creio que se preenchermos devidamente o tanque emocional do nosso cônjuge, descobrindo qual a sua linguagem estaremos realizados no casamento. Muitos casamentos poderiam ser mantidos se com esse conhecimento e empenho se eles tivessem chegado aos casais.


CONSCIÊNCIA INTRANQUILA

O sentimento de culpa é um grande perigo para o casamento, pois drena toda a alegria da convivência. Afinal, a vida a dois é constituída de momentos bons e ruins, mas muito mais de bons. Mas se nesses bons momentos a pessoa não está em paz consigo mesma por falhas do passado ou deslizes do presente, eles não serão desfrutados plenamente. Por exemplo, se alguém está muito irado e ressentido contra outra pessoa na hora de almoçar os seus pensamentos ficam martelando: ele (a) não podia ter feito isso comigo, que raiva, eu poderia ter dito isso ou feito aquilo. Por mais gostoso que seja o seu suculento contra-filé com batatas fritas essa pessoa irada e ressentida perderá o bom sabor da refeição.

No casamento se a pessoa estiver com algum sentimento de culpa, de igual modo ela desperdiçará o bom sabor da convivência, não sentirá plenamente os momentos bons. Visto que se sentirá indigna, se sentirá sem mérito por que a sua consciência lhe acusa o tempo inteiro. Esse sentimento de culpa pode estar ligado ao cônjuge ou não.

Certa mulher cujo esposo trabalhava a noite e isso incluía finais de semana passou a traí-lo. Assim que ele saía para o trabalho ela colocava os filhos para dormir, avisava a vizinha cúmplice que iria dar uma saída e qualquer coisa que ela desse uma olhada nas crianças. Isso sucedeu por dois anos e seu marido nunca veio a saber, até que ela teve um encontro com Jesus Cristo e abandonou a prática. Certo dia eu estava no gabinete pastoral e a recebi e ela desabou em lágrimas contando-me o seu sentimento de culpa e seu senso de indignadade na convivência com seu marido. Mas graças a Deus ela buscou ajuda e alcançou a cura interior, perdoou-se a si mesma e manteve o seu casamento para a glória de Deus.





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