segunda-feira, 27 de junho de 2011

O LEGADO DE PAULO À CRISTANDADE

Nos dias em que vivemos não muito diferentes dos dias de Paulo de Tarso, em que a cultura greco-romana dominava por toda a parte do Império Romano, mas principalmente nas grandes capitais e centros urbanos do mundo antigo. Havia um modus vivendi voltado para o comércio em larga escala, para tecnologia que proporcionava todos os confortos possíveis para aqueles tempos idos de então, para a política de dominação, etc., enfim uma época em que a maioria esmagadora se voltava para o ter, exceto alguns filósofos estóicos, epicureus e alguns religiosos. Sim, esse era o pensamento, possuir bens materiais, conquistar poder, alcançar todo o luxo como vivemos hoje. Não que essas coisas em si sejam pecaminosas, mas com elas as pessoas se voltam totalmente para si mesmas.

É no contexto desse mar social e político conturbado, pecaminoso, difícil, de incredulidade e perversão moral que surge Paulo trazendo uma escandalosa mensagem. Essa mensagem trata de um Cristo judeu morto e é absurdamente representada numa cruz, que havia ressuscitado dias depois. Isso era algo muito louco para os refinados de cultura helênica, e algo estupidamente escandaloso para os judeus de tradição religiosa já milenar. Na verdade haviam oradores de maior eloquência que a dele, como por exemplo Apolo, um cristão natural de Alexandria no Egito. E mesmo, Pedro, o grande apóstolo que conviveu física e diretamente com Jesus de Nazaré, seu mestre, homem eloqüente e de milagres. Entretanto, nenhum homem conseguia superar Paulo em sua visão pioneira e missionária. Apesar dele respeitar a todos eles considerando-os obreiros da Seara do Senhor, assim como ele mesmo.

O legado de Paulo constituiu-se no trabalho firme, constante e superabundante, como desafiou os cristãos de Corinto a trabalharem também da mesma forma. Paulo era um seareiro esforçado no calor do sofrimento, como atleta se afadigava quase a exaustão a fim de que o evangelho fosse anunciado, interiormente se agonizava como uma parturiente até que Cristo fosse formado em seus “filhinhos” na fé, Gl 4.19. E como pai espiritual orava intensamente e ansiava que deveras seus filhos se parecessem com Jesus Cristo a quem procurava imitar, 1Co 4.16; 11.1. Paulo lutava por desenvolver uma fé viva, sem misturas quer fosse no comportamento ou no campo das idéias. Sua filosofia era estritamente baseada em Cristo Jesus. Sincretismo, não era necessário, pois as boas novas são completas em si mesmas de maneiras que quem bebesse dessa água espiritual ficaria satisfeito, pois se faria nele uma fonte para a vida eterna.

Ao contrário do que alguns poderiam pensar ele não aceitou docilmente a fé em Jesus de Nazaré. O Saulo da cidade de Tarso fora um perseguidor dos seguidores daquela nova seita chamada de “o caminho” inicialmente. Participou da morte de Estêvão e foi reconhecido por Lucas, o escritor de Atos, como aquele que assolava as igrejas. Mas quando ainda era um perseguidor notável Jesus Cristo apareceu para ele como uma luz mais forte que o sol e com isso ele sofreu uma mudança radical, passando a seguí-lo. Mas consta no legado de sua conversão que agora o ex-assolador era objeto de cuidado recebendo a cura da cegueira física pela imposição das mãos de um certo cristão chamado Ananias, batizando-o imediatamente em seguida. Não demorou muito e Paulus, seu nome latino, teve grande progresso espiritual, convivendo com outros fiéis, examinando as Escrituras, pregando e defendendo o evangelho em Damasco para onde fora perseguir os cristãos. Passado muitos dias ali a repercussão de seu trabalho incomodou a liderança religiosa local a tal ponto que planejaram matá-lo, sabendo disso escapou num cesto.

Foi Paulo para Jerusalém mas era a princípio rejeitado, por causa das marcas profundas que havia deixado em muitas famílias perseguidas, afinal pairava uma dúvida: se de fato ele se convertera ou sua aproximação não passava de um embuste? Barnabé, um magnânimo, apelidado de filho da consolação foi a pessoa que se encarregou de apresentar Saulo Paulo de Tarso ao grupo apostólico eliminando assim qualquer suspeita quanto a sua pessoa. Pôs-se a trabalhar em Jerusalém e na Judéia, mas teve que sair de lá para não morrer na mão dos opositores. Voltou então para a excelente Tarso da Cilícia onde nascera e ali se entregou ao ofício de construtor de tendas.

Estando Paulo em Tarso não demorou muito para que Barnabé, o homem que assumira a primeira igreja fora dos termos de Israel, quer dizer, em Antioquia da Síria fosse procurá-lo para ser o seu assistente de talento. Barnabé sabia que ele era um vaso mui valoroso e próprio para aquele momento. Passado algum tempo em que estavam em Antioquia Barnabé e Paulo foram vocacionado pelo Espírito Santo, assim ele tornou-se o missionário ao lado de Barnabé, tendo como auxiliar de ambos a João Marcos. Paulo como missionário era um comunicador ousado do evangelho e por causa disso sofreu espancamento, apedrejamento, etc., já na primeira viagem missionária. Mas a custa de muito sofrimento junto a Barnabé fundou várias igrejas por onde passou.

Depois disso, passado algum tempo, surgiu a questão do rito mosaico da circuncisão, cuja pretensão era de se impor as leis cerimoniais e ritos nos fiéis gentios, mas Paulo ao lado de Barnabé se posicionou firmemente como advogado dos gentios. Mas tarde prosseguindo no trabalho missionário considerou-se “doutor dos gentios”.

Visando ampliar o trabalho, estava sempre de olhos abertos para identificar obreiros para a seara do Mestre, assim tornou-se um desenvolvedor de talentos tais como Silas, Timóteo e até João Marcos veio a se tornar um obreiro de valor para ele com o passar do tempo. O pregador e apóstolo dos gentios tinha uma personalidade forte sem deixar de ser apaixonado pela igreja, mesmo quando alguns falavam bobagens, desafiavam a sua autoridade ele continuava amando, como disse certa vez: “eu, de muito boa vontade, gastarei e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado”, 2Co 12.15. Ele conseguia proceder assim pelo fato de ser um homem de oração e jejuns, sendo portanto uma pessoa de profundas revelações do Senhor Jesus Cristo e no trato para com a sua igreja.

Depois que Paulo teve no Areópago quando tentou ganhar alguns pensadores para Cristo utilizando-se de sua profunda sabedoria, dali em diante algo aconteceu que ele se tornou um homem de milagres abundantes de todos os tipos. Já no fim de sua vida ainda trabalhava quando foi preso repentinamente não podendo levar consigo seus pertences, por isso sentia frio e pediu para que Timóteo lhe levasse a capa por causa do frio próprio da estação e os pergaminhos com os quais aqueceriam a sua mente e fortaleceria o seu coração.

Eis aí o legado de um mártir que primou sua vida em ser, constituindo-se assim uma mensagem viva de Cristo Jesus, como gostava de chamá-lo, para sua geração e toda a posteridade subsequênte. Em seu tempo não havia campanhas de fé misturadas com as crenças locais, nem havia megas arrecadações para gerar uma apoteose de si mesmo ou de seu ministério. Ter o evangelho como fonte de lucro, seria para ele uma coisa abominável, que procurava lembrar a seus seguidores as palavras de Jesus, “mais bem aventurada coisa é dar do que receber”. Na verdade ele deu toda sua vida em prol do evangelho, sofrendo no último minuto de sua vida um único golpe certeiro do machado de seu executor em seu pescoço que dessa forma interropeu a sua vida, mas com a esperança eterna de um guerreiro da cruz: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”, 2Tm 4.7. Essas foram suas palavras dias antes de morrer.

A Deus toda honra e glória para sempre. Amém.

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