quinta-feira, 17 de abril de 2014

IMPUNIDADE - UM CARRO SEM FREIO

IMPUNIDADE - UM CARRO SEM FREIO



A certeza da impunidade aumenta a corrupção e a violência. Impunidade é um substantivo que vem do latim “impunitatis” e significa falta de punição, de correção, de castigo. Uma pessoa impune é alguém sem o devido castigo, sem limites, excessivo. Lamentavelmente, muitos brasileiros têm caminhado assim desde a sua infância, como um carro sem freio passando por cima de todos, batendo em tudo e por fim destruindo-se a si mesmo. 

A certeza de impunidade gera monstros sociais

A confiança de quem comete delitos e crimes que ficará impune tem gerado uma ousadia sem precedentes na história do Brasil. Por exemplo, um rapaz um dia antes de completar 18 anos mata a namorada. Ele por desconfiar que a menina estivesse associada a pessoas de uma gangue rival resolve assassiná-la. [1]E isso o fez sem qualquer escrúpulo dando-lhe um tiro no olho, inclusive ele mesmo filmou a ação[2]. Esse e outros comportamentos criminosos têm se alicerçado na certeza de que no final de toda perversidade a pessoa sairá ilesa das consequências de seus próprios atos, oferecendo perigo aos outros.


O sábio de Eclesiastes escreveu o seguinte acerca do assunto: Visto como se não executa logo a sentença sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto a praticar o mal”, Ec 8.11. A “má obra” que o sábio se refere é o estado de punibilidade, ou seja, é a prática da maldade que gera punição. Sem a devida punição a pessoa, como já dissemos torna-se um perigo como um carro sem freio ladeira abaixo. Todos os seres humanos trazem internalizadas a disposição para a prática das más obras, ou seja, faltas leves, atos ilícitos e crimes até. Todavia, todos os homens trouxeram consigo um pedal de frenagem que precisa ser ativado e treinado ao longo de sua existência. Isso é coisa que começa no lar através dos pais e irmãos etc.

A correção do ser se inicia em casa

A aplicação de penas devem começar desde muito cedo na existência de uma pessoa. Por exemplo, por atos de rebeldia e recusas diretas dos filhos aos pais. Uma criança que é ensinada a guardar sua roupa, calçados e mochila depois que chega da escola, ela deve ser lembrada dos seus deveres. Se ela porém, recusa-se diretamente obedecer, isso é uma afronta e um teste para os pais no tocante ao exercício de sua autoridade. Essa rebelião exigirá um ato de correção que poderá ser a perda temporária de algum privilégio – não jogar Play Station, ficar sentado no cantinho do pensamento – perda da liberdade por alguns minutos, aplicação de determinadas tarefas – o escrever determinada frase certo número de vezes etc. Com isso a pessoa desde cedo aprende que ela tem responsabilidade com seus atos e deve pisar no freio de seus impulsos.

A punição tem como finalidade a instrução do indivíduo no bem, de gerar equilibrio e de recompensar a pessoa por suas obras más ou crimes. A punição não deve se tratar de mera vingança, nem descarrego da ira, contudo a punição não deixa de ser uma forma de reparar a injustiça cometida. Por exemplo, quando alguém quebra o braço esse alguém vai ao ortopedista para colocar o braço no lugar de volta para que ele não fique torto. O ortopedista puxa aqui e ali até colocá-lo no lugar, dá para imaginar a dor que sente o paciente. A correção é assim algo doloroso que o ser humano em sua maioria esmagadora tentará escapar dela, e não sentirá prazer nela, porém será uma disciplina necessária.


Através da corrupção política que no Brasil atinge níveis alarmantes muitos procuram se locupletar. Saiba que isso não tem apenas sua raiz no ambiente em que vivem, mas na falta de correção quanto ao decoro parlamentar. Dessa maneira, facilmente votam em coisas que sabem não ser boas para a coletividade brasileira, recebendo a sua “recompensa” a posteriori. Tais homens devem servir a causa pública com a lisura que trazem de seus lares, mas lamentavelmente não é isso que tem acontecido. 

A correção é uma demonstração de amor

Embora a disciplina seja executada por algum tipo de juiz que poderá ser no lar, escola, na rua ou mesmo em um tribunal, esta visa o bem do disciplinado. Na verdade uma pessoa que não é corrigida ela também não é amada, pois a correção é uma prova de amor. Muitos têm dificuldade de entender isso por vários motivos existenciais, por exemplo, vários se sentiram reprimidos demais em sua infância e juventude; outros são naturalmente mais concessivos; outros consideram a punição uma coisa retrógrada dos mais antigos que deve ser deixada de lado.
A punição de um erro visa desenvolver o equilíbrio do ser. Por somos seres gregários, precisamos de nos ajustar ao meio social de maneira equilibrada. Como bem disse Tomás de Aquino: “virtus in medio est”, ou seja, a virtude está no equilíbrio. Portanto, quem corrige pode estar a demonstrar uma atitude de amor, falamos que “pode”, pois alguns há que o fazem apenas por vingança. De qualquer maneira a justa punição visa gerar o domínio de si mesmo.



Contudo a verdade é que, quando deixaram de castigar, corrigir, repreender ou punir de alguma maneira não manifestaram um amor completo. Pois quem ama de fato não folga com a injustiça e sim com a verdade, 1Co 13.6. Quem ama de fato falará a verdade, e corrigirá quando se fizer necessário: “Porque o Senhor corrige o que ama. E açoita a qualquer que recebe por filho”, Hb 12.6. As regras são uma cerca de proteção para o indivíduo e a sociedade, uma vez quebradas por esse indivíduo eles devem sofrer algum tipo de disciplina dentro da proporcionalidade de seus atos. As faltas são distribuídas socialmente como leves, médias e graves. A justiça prima pela proporcionalidade da aplicação da pena que corresponda a falta cometida.

A correção deve ser justa

O Senhor Jesus Cristo ensinou que a punição deve ser de acordo com os padrões de justiça. É muito provável que alguém se lembrará da mulher apanhada em adultério que seria condenada ao apedrejamento, mas que foi poupada por Jesus de Nazaré. E é possível que esse alguém tente escapar de algum julgamento utilizando-se desse exemplo, esquecendo-se que ela não foi apedrejada porque fosse inocente ou porque houve uma condescendência. Mas ela escapou porque a Lei determina que ambos (homem e mulher) deveriam quando apanhados no ato ilícito serem julgados e executados simultaneamente. Porém eles queriam condenar ao apedrejamento apenas a mulher, e isso aí seria ferir a justiça de Deus e a Lei de Moisés.

Conclusão

A aplicação da disciplina deve portanto seguir os moldes de justiça, premiando o justo e punindo o pecador ou faltoso. Quando se faz uso indevido da aplicação da punição, por exemplo, punindo um justo este poderá sentir-se desestimulado em seu caminho desenfreado. Por outro lado se a aplicação da pena for desproporcional ao delito, muito branda ou excessivamente pesada também a justiça estará sendo ferida. Para isso pais, professores, gerentes, patrões e juízes que volta e meia se encarregam do disciplinamento de alguém, devem ter cuidado para que indiretamente acabem cooperado com o mal. A noção de justiça é intrínseca ao homem e procede principalmente do lar e convicção religiosa, pois principalmente os cristãos têm a certeza que um dia prestarão contas com o JUSTO JUIZ eterno. Quer a pessoa acredite em Deus ou não, o certo é que quando alguém coopera com o mal social Ele intervirá.








[1] http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/03/1424294-menor-mata-ex-namorada-filma-execucao-e-poe-imagens-na-internet.shtml
[2] https://www.youtube.com/watch?v=Ac_SPhUiFdM

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