15 Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que
vos apascentem com conhecimento e com inteligência. [1]
O líder
religioso protestante é denominado pastor, curiosamente a palavra líder procede
para palavra inglesa “leader” que significa alguém que guia ou conduz, pastor.
O ofício milenar de cuidar das ovelhas alcançou conotações interessantes ao
longo dos tempos: Religioso, em que o
Deus Criador é visto como tal em relação aos seus adoradores, seguidores e
fiéis; outra conotação é a de liderança política, em que os reis da antiguidade
e demais anciãos são identificados como pastores. Por isso simbolicamente tais
reis utilizavam varas ou cetros e cajados especialmente confeccionados para lembrarem-se da sua autoridade em relação
ao povo e as colheitas. Tanto os faraós quanto os reis do Oriente Médio,
inclusive os do Reino Sul de Israel ostentavam a figura pastoral simbolicamente.
Nos dias do
profeta Jeremias, por volta de 626[2]
a.C. quando fazia pouquíssimo tempo que havia falecido o Rei Josias, havia uma
forte crise de liderança no Reino de Judá. É claro que havia politicamente
homens de larga visão, bem informados e dotados, mas que não percebiam que a
nação estava sendo levada por uma onda que tragaria a todos. O principal
problema estava relacionado com a promiscuidade que reinava em todas as
relações operando um enfraquecimento total da nação. Havia um afrouxamento nas
relações humanas e uma apostasia em grande escala daqueles que se declaravam
servir a Deus. Mas que no cair da tarde procuravam os lugares público de adoração
aos deuses da fertilidade (Baal e Istar).
Nesses
lugares altos havia mulheres e principalmente os prostitutos cultuais que eram
procurados ao anoitecer para a prática da devassidão. Essa imagem não nos faz lembrar
ruas semi-escuras impregnadas de prostitutas e travestis dos nossos dias? A
diferença é que àqueles usavam além do vinho motivos religiosos pagãos para a
prática da devassidão. Consequentemente havia muitos abortos e crianças eram
horrivelmente assassinadas noutro culto a Moloque (hb. Molek[3]).
Essas crianças que vinham ao mundo como fruto da promiscuidade, sem qualquer
culpa na maioria das vezes eram queimadas no vale de Hinon. Se pensarmos que
isso acontecia apenas em Judá é pueril engano, pois aquilo era comum no mundo
antigo.
Lamentavelmente,
a maioria do povo de Javé havia apostatado da fé por causa das pressões
espirituais da própria época. Somada a essas coisas havia uma falta de
liderança religiosa e política total, pois raros e mui raros eram as pessoas e
famílias que tinham força para nadarem contra a correnteza pagã. Aliás, os dois
tipos de liderança estavam intimamente ligadas, visto que eram inseparáveis,
assim os sacerdotes se encurvavam a política e a tendência do povo naquele
momento, de maneira que o culto a Javé não passava de mera formalidade. Assim foram
os dias de Jeremias que antecederam a tomada de Jerusalém e o exílio dos nobres
de Judá em Babilônia.
Jeremias e
possivelmente alguns outros profetas leais a Javé protestaram contra aquela
situação, que bem eles sabiam onde acabaria. A mensagem de Deus para Judá era
de conversão sincera e o abandono de todas aquelas práticas a fim de que eles
tivessem paz, Jr 29.11. Caso eles se voltassem para Deus, Ele lhes daria
líderes especiais “pastores”.
[1]Sociedade Bíblica do Brasil: Almeida Revista E
Atualizada - Com Números De Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, 2003;
2005, S. Jr 3:16
[2] O
Novo Dicionário da Bíblia, SHEDD, R. P. Edições Vida Nova, São Paulo SP. 1991
(verbete Jeremias, p. 794).
[3] Strong,
James ; Sociedade Bíblica do Brasil: Léxico Hebraico, Aramaico E Grego De
Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005, S. H4432
Nenhum comentário:
Postar um comentário